Açaí já é comercializado em 55% da indústria sorveteira
Das micro às grandes empresas insumo está em alta; estudo registra comportamento do varejo para 2024
O açaí, fruto originário da Amazônia, vê um crescimento considerável em sua produção e consumo no Brasil. Apenas nos últimos cinco anos, a produção do fruto, concentrada em sua maioria na Região Norte, teve um aumento de 70%, segundo dados do IBGE e, em pesquisa lançada pela Fispal Sorvetes, pela Associação Brasileira do Sorvete e Outros Gelados Comestíveis (Abrasorvete) e pela Associação Gaúcha das Indústrias de Gelados Comestíveis e Afins (Agagel), evidencia-se a importância do insumo que já representa 55,4% da comercialização da indústria sorveteira.
Estes dados demonstram uma crescente valorização de produtos regionais, como opções saudáveis e também indulgentes. De acordo com o mesmo estudo, 90% das empresas entrevistadas estão antenadas às mudanças de comportamento de seus consumidores, e buscam alterações ou investimentos em opções que acompanhem os desejos de seus públicos.
Dentre elas, as microempresas (41,5% das empresas entrevistadas) são as mais focadas em realizar mudanças e seguir tendências. Elas representam 46% do total de empresas sorveteiras no Brasil. Heloisa Baeta é microempreendedora do setor já há quatro anos, quando criou sua marca, Copo Roxo. Usando sua paixão pelo açaí como motor para a criação da sua empresa, iniciou a empresa através do delivery. “Eu consumia quase todos os dias, e rentabilizar minha paixão foi o caminho natural. Comecei na pandemia, e mesmo com todas as adversidades, vejo o crescimento do meu negócio todos os dias,” diz. Hoje, Heloisa conta com uma equipe de 6 pessoas dedicadas exclusivamente para a cozinha e 8 motoboys para realizar as entregas.
De acordo com o Head Comercial da AmaFruta, marca fornecedora de cremes de açaí voltada para o varejo, Rafael Gonzales, “ter um bom produto é um grande diferencial para as empresas do setor e atualmente isso é possível de Norte a Sul do país. Nossa base de clientes é majoritariamente de microempresas que têm o açaí como sua principal fonte de renda. Desenvolvemos nossos produtos na Amadelli Alimentos, que produz 700 toneladas de açaí e sorvete e está localizada no Paraná. Um fator interessante é que não só o açaí em creme tem se destacado como sabores de açaí com ninho e avelã que são mais indulgentes, por exemplo”, diz. A marca tem clientes ativos em 128 municípios brasileiros.
A qualidade dos insumos servidos ao cliente deve unir-se às demais preocupações das marcas do mercado de sorvetes que, segundo o estudo, para os próximos anos, buscam inovações não apenas no produto que servem, mas se preocupam com a avaliação do produtor do açaí até a embalagem para entrega final, tendo a sustentabilidade entre as prioridades de escolha.
Na pesquisa realizada em 16 países pela Trend Tracker Survey, em 2023, essa prioridade fica em evidência, com embalagens de papel, ligadas à percepção de serem melhores para o meio ambiente e para a reciclagem, sendo líder do ranking recebendo dos mais de 10 mil entrevistados, dez atributos: mais leves (57%), fáceis de abrir e fechar (46%), mais práticos (41%) e mais fáceis de armazenar (35%).
O estudo da Fispal Sorvetes mostra, ainda, que a expansão das marcas é também foco das empresas entrevistadas para os próximos anos. Destas, 23.8% buscam investir em expansão comercial ou abertura de franquias. “O crescimento do mercado das açaiterias tem força. Em 2024 a The Best Açaí completa sete anos e temos como objetivo alcançar um faturamento de R$777 milhões, com uma rede de 777 lojas, até dezembro. Em nossas operações passam mais de 70 mil pessoas por dia em busca de açaí e sorvete”, diz Sérgio Kendy, CEO da The Best Açaí que é atualmente a maior rede de franquias de açaí e sorvete no modelo self-service, com mais de 440 lojas em operação.
O Brasil é o maior produtor mundial de açaí e o estado do Pará, no Norte do país, responde por mais de 90% da produção que, além de ser enviada para os demais estados brasileiros, é exportada para países como os Estados Unidos, Japão e Austrália. Em 2023, o Brasil exportou mais de 68 toneladas de açaí, 71% desse total oriundo do Pará, segundo dados do Ministério da Agricultura.