Ato em Porto Alegre exige a implementação de políticas públicas que garantam a segurança e dignidade dos atingidos pelas cheias   

Ato em Porto Alegre exige a implementação de políticas públicas que garantam a segurança e dignidade dos atingidos pelas cheias  

Ato em Porto Alegre exige a implementação de políticas públicas que garantam a segurança e dignidade dos atingidos pelas cheias

Um ano após as Enchentes no Vale do Taquari a situação ainda é trágica, com muitos atingidos desabrigados

Neste dia 5 de setembro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realiza uma série de atos públicos em diversas capitais brasileiras, com destaque para Porto Alegre/RS. A data é simbólica e marca tanto o Dia da Amazônia quanto o aniversário de um ano das devastadoras enchentes no Vale do Taquari, que ainda afetam profundamente a população local. Nessa mesma região há um ano, as últimas três enchentes devastaram comunidades inteiras, deixando mais de 40 mil desabrigados, destruindo mais de 3 mil residências e gerando prejuízos superiores a R$ 500 milhões.

Além das perdas materiais, o MAB denuncia que essas tragédias têm causado impactos profundos na saúde mental e no bem-estar das comunidades, o que agrava ainda mais a situação de vulnerabilidade no estado. Principalmente a luta por reassentamento e moradia adequada tem deixado os desabrigados preocupados, assim como o João Jair morador da cidade de Estrela que faz o seguinte relato: “Tínhamos sido atingidos em setembro, mas a cheia de maio foi devastada. Para ter uma ideia, segundo o levantamento da defesa civil aqui em Estrela, são 1.800 casas que foram destruídas e estão abandonadas. Dessas 372 só estão sendo beneficiados no aluguel social. As demais estão no abrigo. São três abrigos que têm na faixa de umas 200 famílias. E as demais [que não estão em abrigo] se deslocaram para outros lugares, deslocaram para a casa de parentes. Estão morando 3 ou 4 famílias na mesma casa para poder se manter”, diz o atingido.

A recuperação das áreas afetadas avança, lentamente, e o Movimento exige a implementação de políticas públicas que garantam a segurança e dignidade dos atingidos, e uma resposta rápida e efetiva do poder público.

Sobre o Movimento

Há 33 anos, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se faz presente em mais de 20 estados do país. Ao iniciar uma trajetória de luta em 1987, por conta dos riscos que as construções de barragem traziam às comunidades locais, o Movimento não tinha até então, a pretensão de ser tornar uma bandeira pela luta de direitos mediante os estragos dos eventos climáticos extremos. Hoje, os atingidos do MAB preferem, carinhosamente, chamá-lo de Movimento dos Atingidos do Brasil. Pois a organização já virou referência na luta pelos direitos básicos e o Rio Grande do Sul é prova disso. Na região Sul, o MAB começou por Erechim e pela Lomba do Pinheiro (POA), lugares que sofrem com a ameaça de rompimento iminente das barragens. Anos depois, são os coordenadores da Lomba e de Erechim que fortalecem a organização dos demais no RS, inclusive, com os atingidos da enchente, que surgiram a partir dos desastres de setembro do ano passado.

De maio para cá, as cozinhas solidárias do MAB já produziram mais 100 mil quentinhas. Atualmente, a única que permanece ativa é a cozinha solidária de canoas, que entrega 700 marmitas ao dia. Do Vale do Taquari a Grande Porto Alegre, a organização distribuiu cerca de 2 mil cestas de alimentos, além das doações de hortifruti, kits de higiene e kits de casa nova com geladeira, fogão, microondas e máquina de lavar. Cada uma das ações são planejadas pelos próprios atingidos em parceria com apoiadores do movimento. Para o MAB a reconstrução de uma vida digna e de uma comunidade mais segura é direito que deve ser garantido. Mas enquanto isso não acontece o povo tenta encontrar formas para poder sobreviver e se organizar é uma delas. Os atingidos veem na luta uma espécie de esperança. Portanto, seja no Galpão, na cozinha ou nas ruas, fornecemos aos atingidos um espaço de conforto.

Em Porto Alegre, o ato principal terá início às 9h, em frente ao Gasômetro, com a expectativa de reunir cerca de 800 pessoas, organizadas em 20 ônibus, vindas de várias regiões do Rio Grande do Sul. Dentre esses, atingidos de Arroio do Meio, Estrela, Cruzeiro, Lajeado, Erechim, Canoas (Matias Velho, Rio Branco, Harmonia) e Porto Alegre (Sarandi, Lomba do Pinheiro). A manifestação tem como foco central a reivindicação de direito à moradia, segurança e a continuação das políticas financeiras emergências no RS.

Simultaneamente, outros atos ocorrerão em diversas capitais e cidades brasileiras.

Em Belo Horizonte (MG), a manifestação ocorreu às 14h no Tribunal Regional Federal da 6º Região, para lembrar os nove anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana e cobrar repactuação justa e com participação dos atingidos.

No Rio de Janeiro (RJ), o ato foi realizado às 14h. Em Belém (PA), o ato foi às 16h na Praça da República, destacando a importância da região na luta contra as mudanças climáticas e a expansão de projetos de infraestrutura.

Em Porto Velho (RO), as atividades começaram às 9h com o ato "Defender a Amazônia é Defender a Vida" pela manhã e o Grito dos Excluídos à tarde. Em Ariquemes (RO), foi realizado um acampamento da Juventude da Via Campesina com plantio de mudas.

Em Sinop (MT), foi organizado o seminário “Amazônia: Riqueza, degradação e saque, uma análise dos grandes projetos de infraestrutura”, das 19h às 22h, no Auditório L34 da UNEMAT.

Diante desse cenário alarmante, o MAB reforça a urgência da implementação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB) e a criação de um fundo nacional para atender essas comunidades. O movimento alerta que, sem a participação ativa das populações atingidas, as medidas de reparação e prevenção serão insuficientes e ineficazes.
As manifestações deste dia 5 de setembro são um clamor por justiça e uma mobilização fundamental para garantir que os direitos dessas populações sejam respeitados e que políticas públicas adequadas sejam implementadas para evitar novas tragédias ambientais.