Brasileiros no exterior podem pagar impostos indevidos se não regularizarem sua situação fiscal

Brasileiros no exterior podem pagar impostos indevidos se não regularizarem sua situação fiscal

Brasileiros no exterior podem pagar impostos indevidos se não regularizarem sua situação fiscal

Formalizar a declaração definitiva do país não cancela o CPF, mas evita bitributação

O número de brasileiros vivendo no exterior tem crescido nos últimos anos. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, cerca de 5 milhões de brasileiros residem em outros países. No entanto, muitos desconhecem as regras e a necessidade de formalizar a saída definitiva do país junto à Receita Federal — um procedimento essencial para evitar bitributação, assegurar que o cidadão deixe de ser considerado residente fiscal no Brasil e mantenha a regularidade perante o Fisco.

“A declaração de saída definitiva é indispensável para quem pretende morar fora por mais de 12 meses. Sem essa formalização, o contribuinte continua sendo tratado como residente fiscal no Brasil, o que pode resultar em cobranças de Imposto de Renda e outras obrigações fiscais”, explica a advogada internacionalista Rita Silva, especialista em planejamento migratório e previdenciário internacional.

A saída definitiva cancela o CPF?

Uma dúvida comum entre os brasileiros que realizam esse processo envolve o CPF (Cadastro de Pessoas Físicas). Segundo Rita Silva, “a entrega da declaração de saída definitiva não cancela o CPF — ela apenas altera o status do contribuinte para 'não residente'. Isso permite que o cidadão mantenha contas bancárias, investimentos e imóveis no Brasil, mas com um regime tributário diferenciado.”

O processo de regularização é relativamente simples, mas envolve dois passos fundamentais: a comunicação de saída definitiva do país, que deve ser feita até o último dia de fevereiro do ano seguinte à saída do Brasil, e informa a Receita Federal que o contribuinte não será mais residente fiscal no Brasil; e a declaração de saída definitiva do país, a ser entregue no mesmo prazo da declaração anual de Imposto de Renda, ou seja, até abril do ano seguinte à saída. A declaração oficializa a condição de não residente e ajusta as obrigações tributárias pendentes.

O desconhecimento sobre essas obrigações pode gerar problemas fiscais e patrimoniais no futuro. “Muitos brasileiros no exterior só percebem a importância dessa regularização quando enfrentam dificuldades bancárias, retenção de valores ou até complicações em processos sucessórios no Brasil”, alerta Rita.

Além disso, sem a formalização da saída, o contribuinte permanece obrigado a declarar e pagar Imposto de Renda sobre os rendimentos globais, o que pode resultar em bitributação — ou seja, pagamento de impostos tanto no Brasil quanto no país de residência.

Para evitar essas complicações, a advogada recomenda um planejamento estratégico antes de sair do Brasil. “O ideal é buscar orientação profissional especializada antes da mudança, para serem avaliados os impactos fiscais, trabalhistas e previdenciários. Um advogado internacionalista poderá orientá-lo sobre como evitar bitributação, preservar direitos previdenciários e garantir segurança jurídica no exterior”, conclui Rita.

Sobre Rita de Cássia da Silva

Graduada na Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, a advogada internacionalista é pós-graduada em Advocacia Empresarial Trabalhista – Previdenciária e Previdência Privada e em Seguro Social na Universidade de Lisboa. É Mestranda em Direito Tributário Internacional, especialista em Direito dos Expatriados, Imigrantes e Estrangeiros, Acordos e Tratados Internacionais e Direito de Família Internacional, Direito Internacional Privado, Direito Previdenciário Internacional, Direito do Trabalho com foco em Expatriação, Direito dos Aeronautas com enfoque nas aposentadorias especiais. É palestrante, Escritora, Consultora Jurídica em Legislação Brasileira nos Estados Unidos, Diretora de Relações Internacionais e Embaixadora do IBDP – Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário nos Estados Unidos da América. Presidente da Comissão de Direito Internacional do Instituto IBRAPEJ. É CEO do Internazionale – Grupo de Estudos em Direito Internacional que já conta com mais de 175 advogados em 16 países, fundadora da Comunidade PrevConnection - a 1ª Comunidade de Direito Previdenciário Internacional e Mentora para advogados que queiram internacionalizar suas carreiras. Mais informações https://ritasilvaadvogados.com.