Caso Americanas: entenda o que aconteceu e como evitar rombos no caixa da sua empresa
Uma notícia bombástica surpreendeu todo o Brasil neste início de ano: as Lojas Americanas, gigante varejista brasileira, revelou inconsistências contábeis nos números, reportando um rombo financeiro de R$ 20 bilhões. O fato levantou muitas questões, principalmente no meio empresarial: por quais motivos uma empresa tão grande deixou passar despercebido um número dessa magnitude? Se isso aconteceu com uma gigante do mercado, quais as chances de acontecer com organizações menores?
Para o professor Marco Aurélio Pitta, coordenador de programas de MBA nas áreas Tributária, Contábil e de Controladoria da Universidade Positivo (UP), o procedimento financeiro e contábil que a Americanas adotou nos últimos anos estava relacionado à operação chamada de risco sacado - que é quando o varejista tem uma dívida com um fornecedor e faz a venda dessa dívida para uma instituição financeira. “Com essa operação, a empresa ganha prazo de pagamento e o fornecedor recebe do banco. O problema é que nessas transações há juros e, nesse caso, os juros não foram contabilizados da forma adequada. Em vez do valor correspondente aos juros ser incluído no resultado, foi abatido da conta de fornecedores, por isso eles acabaram inflando os lucros acumulados e, consequentemente, maquiando o balanço da empresa”, ressalta.
“Agora, a investigação está em andamento para descobrir quem são os responsáveis pelo rombo. Provavelmente, os contadores serão os primeiros a serem ouvidos para que esclareçam se foi erro deles ou se foi cometido por ordem da diretoria. Essa questão está em aberto, mas além dos contadores, os membros da alta administração e os auditores externos também devem ser investigados”, destaca. A empresa entrou em recuperação judicial, com dívida de R$43 milhões, e criou um comitê interno para investigar o rombo.
Como evitar rombos?
De acordo com Pitta, para evitar rombos nas finanças, as empresas precisam ter uma equipe de contabilidade bem preparada, e não agir como coadjuvante. “Essa tem que ser uma área com protagonismo, com profissionais experientes e que saibam o que estão fazendo. Além disso, é importante ter uma estrutura interna de compliance, que possa verificar os principais ativos e passivos, e também ter um plano de ação para cada uma das contas, para que seja investigado e acompanhado”, explica Pitta.
Outro ponto fundamental é fazer uma auditoria externa para prestar esclarecimentos aos acionistas e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Economia que desenvolve, regulamenta e fiscaliza o mercado de valores mobiliários, como instrumento de captação de recursos para as empresas, protegendo o interesse dos investidores e assegurando ampla divulgação das informações sobre os emissores e seus valores mobiliários. “Além disso, ter uma auditoria interna e estrutura interna confiável, a fim de evitar inconsistências contábeis nas finanças da empresa”, finaliza.