Comemorações escolares levam em consideração novo modelo familiar
Colégios comemoram o Dia da Família como forma de celebrar as relações afetivas
Cerca de 44% das famílias brasileiras já não se encaixam mais no modelo nuclear, que representava a quase totalidade das famílias do século passado, com pai, mãe e filhos de um único casamento. Essa mudança nos modelos familiares levou os educadores e as instituições de ensino a repensarem a forma de dialogar e homenagear os membros da família dos alunos. Por isso, algumas escolas de Curitiba optaram por celebrar a família.
É o caso dos colégios do Grupo Positivo (Colégio Positivo Júnior, Colégio Positivo – Jardim Ambiental e Colégio Positivo Internacional), que realizam as comemorações do Dia da Família neste sábado (30). Para o diretor-geral do Colégio Positivo, Celso Hartmann, o evento é um momento para celebrar o afeto, o amor e a união que definem a família. “Por meio do encontro, busca-se ampliar a convivência e cumplicidade entre os alunos, seus pais, avós e demais familiares, oportunizando a troca de experiências e vivências marcantes e divertidas, que ficarão guardadas na memória e serão lembradas na vida adulta”, afirma.
“A estrutura familiar, tradicional ou não, é a base para o desenvolvimento e aprendizado de crianças e adolescentes”, afirma a professora Domus Aurea, gestora de 1º e 2º ano do Colégio Positivo Júnior. Segundo a professora, é função da escola permitir que o assunto seja pensado e conversado, já que os educadores possuem papel fundamental na forma de tratar o tema. “Pais separados, mães solteiras, avós responsáveis por netos e tantas outras configurações compõem núcleos que podem até fugir do idealizado pela sociedade, mas possuem plenas condições de obter sucesso na educação de crianças sob sua responsabilidade”, afirma Domus.
O último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, mostra que, dos 57 milhões de lares brasileiros, apenas 66% são famílias nucleares. Se considerada a formação de pai, mãe e filhos, esse número cai para 61,9%. As transformações sociais atingiram diretamente o núcleo familiar, trazendo inúmeros benefícios para o desenvolvimento da criança. “A família moderna não é somente formada por ascendentes e descendentes, também não se origina mais exclusivamente do matrimônio, mas é fundada na solidariedade, na cooperação entre seus membros, no respeito à dignidade e buscando a realização plena de cada uma das pessoas, envolvendo mais a afetividade do que a propriedade”, ressalta a professora.
A evolução do modelo familiar
A sociedade brasileira do século passado, tutelada pelo código civil de 1916, trazia uma visão diferente em relação à família, em função do contexto social da época. A família matrimonializada, patriarcal e patrimonialista apresentava distinção entre os membros. As pessoas unidas sem os laços matrimoniais e os filhos nascidos dessas uniões sofriam discriminação.
Com a Constituição Federal de 1988, surgiu um novo conceito de família, denominado eudemonista, que prima pelo afeto entre os integrantes. O crescimento da participação da mulher no mercado de trabalho, no final do século XX, fez com que as famílias passassem de um modelo no qual o número de integrantes era muito grande, para outro nuclear, formado apenas por pai, mãe e filhos. Atualmente, a família pós-nuclear é pluralística, para a qual a forma não importa – e sim o afeto, a cooperação entre seus membros, independente de sexo e de padrões pré-estabelecidos.