Como estimular o empreendedorismo desde cedo?
Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo, mas mentalidade empreendedora precisa ser incentivada desde primeiros anos de vida
A Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2021, pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), mostrou que o Brasil está entre os países mais empreendedores do mundo, ocupando o quinto lugar no ranking que avalia a Taxa de Empreendedorismo Total (TTE). Apesar do bom resultado, a mentalidade empreendedora não nasce pronta e, portanto, um futuro de inovação não é garantido. É preciso estimular crianças e jovens, desde cedo, a ter um pensamento empreendedor.
Na mesma pesquisa, o Brasil também ficou em quinto lugar na lista de Potenciais Empreendedores, que leva em conta o número de pessoas com idade entre 18 e 64 anos que ainda não empreende, mas pretende empreender. Nesse quesito, o país está atrás apenas do Cazaquistão, Egito, República Dominicana e Omã. Para o coordenador da Conquista Solução Educacional, Ivo Erthal, isso revela uma oportunidade única de desenvolver um ambiente de negócios altamente inovador. “Os índices apresentados demonstram que há um enorme potencial para o futuro do país, mas precisamos garantir que esse potencial não se perca. Uma das formas de fazer isso é assegurar uma educação empreendedora para nossas crianças e adolescentes”, afirma.
Empreendedores mirins
Não há limite de idade quando a ideia é estimular o empreendedorismo. Mesmo as crianças mais novas podem desenvolver uma mentalidade empreendedora, segundo o especialista. Uma das formas de fazer isso é mostrar a elas que o ambiente em que elas vivem é impactado por suas ações. “Isso pode ser feito pedindo para que os pequenos guardem seus brinquedos, recolham a louça após as refeições e arrumem o próprio quarto, por exemplo”, detalha. Embora pareçam atividades corriqueiras, elas permitem que a criança desenvolva autonomia e iniciativa, características indispensáveis para empreendedores. “A partir dos três anos, já é possível desenvolver comportamentos, desde que os adultos responsáveis saibam como usar uma linguagem de estímulo apropriada e propor atividades e desafios adequados a cada faixa etária”, completa.
Autonomia é justamente uma das palavras-chave para atingir esse objetivo. É essa habilidade que vai permitir que os pequenos se tornem protagonistas da própria história e, consequentemente, estejam mais propensos a empreender no futuro. “Protagonismo é agir com base no conhecimento e na informação. Nosso objetivo, enquanto pais e educadores, precisa ser a construção de atitudes baseadas em valores como a solidariedade, a ética, o respeito e a criatividade”, lembra Erthal. Empreender não é, portanto, um conceito meramente ligado ao dinheiro, mas uma forma de ser um cidadão que contribui com a resolução de problemas sociais.
Mentalidade empreendedora vai além dos ganhos financeiros
É preciso estimular a mentalidade empreendedora ao longo da infância - e essa missão nem sempre tem a ver com falar sobre ganhos financeiros. O especialista aponta algumas formas de cumprir com a tarefa, independentemente da idade da criança. A primeira é ensiná-la a cuidar de seus objetos pessoais e do material escolar. A segunda é criar nela o hábito de usar expressões como “por favor” e “obrigado”, o que ajuda a melhorar o convívio social. Outra boa estratégia pode ser adotar um bichinho de estimação, porque isso ensina sobre cuidados e responsabilidades, fundamentais para quem quer empreender.
Também é muito importante, diz Erthal, estimular que a criança compartilhe brinquedos, lanches e outros objetos que são dela, seja com outras crianças, seja em outros círculos sociais. Por fim, depois que ela completa cinco ou seis anos, que é quando começa a ter noção de quantidades, os pais podem começar a falar sobre moeda e dinheiro. "Conversar sobre o valor do dinheiro, como ele é ganho e a importância de saber utilizá-lo cotidianamente é um dos primeiros passos para criar um futuro empreendedor", finaliza o educador.