Desconhecimento ainda é a principal barreira no diagnóstico e cura da hanseníase
Dermatologista esclarece preconceitos sobre a doença, como o isolamento desnecessário do paciente e o tratamento, que não passa de 12 meses
Criado em 1954 pela ONU, o Dia Mundial do Hanseniano – comemorado em 24 de janeiro – surgiu justamente para esclarecer a população sobre a doença, uma das mais antigas que se tem registro histórico, além da prevenção e tratamento.
Doença crônica e infectocontagiosa, a hanseníase tem como principal agente etiológico o Mycobacterium leprae, que tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, apesar de poucos adoecerem. Esses fatores variam conforme o hospedeiro, e o fato de o meio ser ou não endêmico, entre outros aspectos.
Doença antiga, cura recente
A hanseníase é uma das mais antigas doenças que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e vêm da Ásia e da África, consideradas o berço da doença – então conhecida como lepra. Com a melhoria das condições de vida e o avanço da medicina, o quadro da hanseníase mudou drasticamente: já existe tratamento e cura há mais de 20 anos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no período de 2007 a 2011, uma média de 37 mil casos novos foram detectados a cada ano no Brasil, sendo 7% deles em menores de 15 anos. A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional, e de investigação obrigatória.
Médica cooperada da Unimed Curitiba que coordenou o programa de hanseníase na Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, a dermatologista Ewalda Von Rosen Seeling Stahlke esclarece outros aspectos da hanseníase na entrevista a seguir.
O que precisamos ter em mente sobre a hanseníase?
A hanseníase atinge pele e nervos periféricos, podendo levar a sérias incapacidades físicas. O alto potencial incapacitante da doença está diretamente relacionado ao poder imunogênico do Mycobacterium leprae.
É importante destacar que é uma doença que tem cura. O tratamento depende da forma clínica, pode durar de 6 a 12 meses e é feito em ambulatório. Quando iniciado o tratamento, não há mais transmissão da doença.
Nem todas as formas clínicas transmitem a doença. As que são paucibacilares (tem pouco bacilo) não transmitem, já os multibacilares (com muito bacilo) podem transmitir se não forem tratadas.
O tratamento precoce interrompe a cadeia de transmissão, portanto, quanto mais precoce for o diagnóstico, menor o risco de transmissão. É preciso destacar que 90% da população tem imunidade contra doença, sem a possibilidade de desenvolvê-la.
Ainda há muito preconceito com a doença? Por que?
O preconceito vem do desconhecimento de que a hanseníase ainda ocorre no Brasil, e por as pessoas não saberem que existe cura. Também não há necessidade de isolar o paciente, que pode levar uma vida normal.
Quais as formas de se evitar e de tratar a doença?
Ter um estilo de vida saudável ajuda a evitar esta e outras doenças. O tratamento é via oral e fornecido gratuitamente pelo Estado.
Quais as causas mais comuns da hanseníase?
O desconhecimento dos sintomas e sinais. Toda mancha clara, escura ou vermelha com alteração da sensibilidade, ou áreas da pele com diminuição da sensibilidade devem ser investigadas para se afastar o diagnóstico de hanseníase. Dores neurais em articulações de cotovelos, joelhos e tornozelos associado a espessamento neurais também devem ser investigadas.
Fatores genéticos podem influenciar o desenvolvimento da doença?
Os fatores genéticos influenciam na forma como a hanseníase se manifesta, se é do tipo paucibacilar (pessoas com melhor imunidade contra a doença) ou multibacilar (aqueles com menor capacidade de se defender da doença), mas que também se curam com o tratamento correto.
Em caso de suspeita, procure seu médico ou o centro de saúde mais próximo.
Sobre a Unimed Curitiba
Maior cooperativa de saúde do Paraná e uma das cinco maiores cooperativas do Sistema Unimed Brasil, a Unimed Curitiba foi fundada em 6 de agosto de 1971. Com 44 anos de mercado, reúne mais de 4.200 médicos cooperados e quase 600 mil clientes. “Cuidar da saúde faz a vida valer a pena” é a Missão da Unimed Curitiba, uma cooperativa Feita de Médicos.