Empresas se “desconstroem” e utilizam metodologia mais moderna para agradar público interno e externo

Empresas se “desconstroem” e utilizam metodologia mais moderna para agradar público interno e externo

McDonald’s engaja funcionários e proporciona relacionamento mais pessoal com clientes por meio da “Cooltura de Serviço”

Ambientes coloridos e decorados, com jogos em equipe, videogame, espaço para descansar e clima despojado têm ganhado cada vez mais força no meio corporativo. Essa nova cultura organizacional pretende engajar o funcionário ao oferecer um espaço lúdico e divertido, além de motivá-lo a se envolver gradativamente com a empresa. Nem mesmo a própria personalidade de cada funcionário precisa ser disfarçada, já que o “seja você mesmo” tem ganhado cada vez mais espaço no mercado de trabalho.

O McDonald’s segue essa tendência e implantou a “Cooltura de Serviço”, que brinca com o termo “cool”, que significa legal em inglês, e consiste em basicamente dar liberdade para que o funcionário seja ele mesmo. A companhia empoderou os colaboradores e hoje eles conversam com o cliente de acordo com o seu jeito de ser, não precisando se despir das suas personalidades para vestir o uniforme da empresa.

A mudança aconteceu graças às diversas pesquisas que acontecem todos os anos para avaliar os índices de satisfação referentes à companhia. Essas pesquisas mostraram que a população não estava satisfeita com a padronização do discurso dos Atendentes e que queriam algo mais personalizado. Foi a partir disso que o McDonald’s alterou seu método de atendimento e implantou a Cooltura de Serviço, que já trouxe reflexos significativos, como a diminuição da rotatividade, que recuou 50%, e o absenteísmo (faltas, atrasos, saídas não justificadas) dos mais de 50 mil funcionários, que caiu 75% em quatro anos.

Wellerson Loiola tem 23 anos e trabalha no McDonald’s há oito meses. Ele atua como Assistente Administrativo em um dos restaurantes de Curitiba, e desde que iniciou seu contrato, o rapaz já percebeu que a empresa se importa com a qualidade de vida no ambiente de trabalho. Welly, como gosta de ser chamado, utiliza o apelido no crachá de identificação personalizado e também nas redes sociais.

Além disso, uma das principais características do Assistente Administrativo é mudar a cor de seus cabelos. O estudante de Recursos Humanos já usou vermelho, platinado, loiro escuro e até azul, e nada disso interferiu no emprego. “Eu amo mudar e meu cabelo é alvo das minhas principais mudanças. A empresa me aceitou do jeito que eu sou desde o começo, fui muito bem recebido. O McDonald’s exige, sim, boa apresentação, mas acima de tudo eles pedem simpatia e respeito no atendimento aos nossos clientes. Os princípios da empresa com relação aos serviços que devemos prestar são brilhantes. Não é à toa que a rede faz sucesso no mundo todo”, conta entusiasmado.

O que as empresas podem exigir

O McDonald’s é exemplo de uma empresa que se adaptou à nova realidade do mercado, e modificou alguns padrões que antes não eram cogitados no ambiente corporativo. No entanto, ainda há instituições que priorizam a apresentação pessoal como fator determinante para contratação.

O advogado André Durdyn, especialista em Direito do Trabalho, atua no escritório Glomb & Advogados Associados e explica o que as contratantes podem ou não exigir do contratado. Segundo ele, o dresscode (código de vestimenta) é um conjunto de regras que pode ser estabelecido de forma escrita, por meio de estatutos internos, convenções ou outras regulamentações com sugestões de vestimentas para o ambiente de trabalho.

“De acordo com Artigo 456-A, da CLT, e seu parágrafo único, a partir do momento que o empregador exige a utilização de uma peça específica (camisa branca, por exemplo), ou padroniza o traje, esse passa a ser considerado uniforme e deve ser fornecido pela empresa, podendo ser usado diariamente. O colaborador, por sua vez, tem obrigação de preservar e manter limpo o uniforme provido”, afirma.

Durdyn ainda ressalta que o empregador pode sugerir e até regulamentar a melhor forma de se arrumar para o trabalho, mas a aparência física do candidato não deve ser fator determinante para a contratação. “O trabalhador deve ser avaliado pela sua desenvoltura, capacidade técnica e personalidade, e jamais por suas características físicas e de vestuário, devendo sempre ser levada em consideração a boa educação e o bom senso”, conclui.