Médica intervencionista em dor objetiva quer devolver funcionalidade a pacientes

Médica intervencionista em dor objetiva quer devolver funcionalidade a pacientes

Para isso, os tratamentos receitados por Dra. Amelie Falconi vão muito além da aplicação de medicamentos. Ela considera o estilo de vida como um fator gerador e de tratamento para o portador da dor crônica

A dor é uma doença invisível, silenciosa, que vagarosamente cresce e acaba por englobar a vida inteira de um paciente, impossibilitando-o das mais simples ações. Por meio dessa frase, a médica intervencionista em dor, Dra. Amelie Falconi, descreve o assunto sobre o qual especializou-se, dando a ênfase à importância relacionada a sua área de atuação. Conforme Amelie, os pacientes que chegam em seu consultório nunca reclamam, a princípio, da dor que sentem, mas daquilo que perderam por conta dela. Nesse sentido, o propósito de sua especialidade é um dos mais nobres: trazer de volta um pouco da funcionalidade que seus pacientes perderam em decorrência da dor e consequentemente a dignidade que lhes foi tirada por ela.

A área em que Amelie especializou-se é desconhecida pela maioria das pessoas comuns, muitas vezes até dos profissionais da saúde. “Nas faculdades de saúde, por exemplo, o assunto é abordado de uma maneira pouco aprofundada, o que faz com que muitos profissionais não saibam lidar direito com pacientes que apresentam dor crônica, contribuindo para a piora de seus quadros”, diz. Amelie mesmo, não ouvira falar de tal especialidade até “esbarrar” nela, por acidente, quando começou a acompanhar a equipe médica que tratava sua avó.

Amelie nunca havia prestado muita atenção em estratégias que mitigassem a dor. Quando começou a cursar a faculdade de Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), sua cidade natal, só tinha olhos para área cirúrgica sem saber ao certo qual residência cursar. “Eu sou muito 'acelerada', multitarefas, e por ser dinâmico, o ambiente cirúrgico sempre me atraiu”, explica.

Seu primeiro contato com uma especialidade relacionada ao controle de dor se deu por intermédio de uma médica pediatra, amiga de sua mãe. “Minha mãe faleceu três meses antes de ingressar na faculdade e isso fez com que eu me aproximasse bastante dessa amiga dela e a visse como conselheira nos assuntos referentes à medicina, respeitando muito sua opinião”, conta. Essa amiga aconselhou Amelie a fazer um estágio em anestesiologia, justificando que nesta especialidade aprendia-se alguns procedimentos imprescindíveis para salvar com mais rapidez a vida de um paciente, principalmente em pronto socorro.

A primeira vez que entrou em um centro cirúrgico ao lado de um anestesista, Amelie ficou fascinada. “Testemunhar o paciente passar por todos os procedimentos cirúrgicos, como incisões, por exemplo, sem sentir dor, presenciar um pós-cirúrgico no qual as reclamações dos pacientes decorriam da qualidade da comida do hospital e não das cicatrizes, fizeram com que eu me tornasse residente em anestesiologia pouco tempo depois”, diz.

O interesse pelo universo da dor e por sua mitigação haviam sido despertados em Amelie, mas se aprofundariam somente quando sua avó desenvolveu um quadro de neuralgia pós-herpética (dor crônica em áreas de pele supridas por nervos), em decorrência de um herpes zoster. “A dor ocasionada pelo herpes zoster é uma das mais difíceis de tratar e foi recomendada a minha avó procurar o auxílio de um anestesista. Ela foi trazida ao ambulatório do Hospital Universitário, em Juiz de Fora, onde Amelie fazia residência. “Nessa ocasião eu descobri que havia uma especialidade chamada “medicina da dor””, relata.

Amelie conta que os médicos residentes do hospital não se interessavam muito pela “medicina da dor” e, querendo fugir dessa disciplina, com a desculpa de que Amelie precisa ver sua avó, estimulavam-na a participar ativamente do acompanhamento médico dela. “Eu gostei tanto da rotina do ambulatório da dor que resolvi me aprofundar mais no tema”, diz. Assim que terminou a residência, Amelie foi a São Paulo cursar especialização em dor na Faculdade do Hospital Santa Casa. Posteriormente, no Rio de Janeiro, participou do programa de fellowship de procedimentos intervencionistas em dor, que a preparou para a obtenção do título internacional de procedimentos intervencionistas em dores crônicas.

Hoje, Amelie tem um consultório em Juiz de Fora (MG), que, com o apoio de profissionais de diversas especialistas da área da saúde, atua no tratamento de pacientes com dor e pacientes ortopédicos. Como médica especializada em dor, os tratamentos receitados por ela vão muito além da aplicação de medicamentos. Amelie considera o estilo de vida como um fator gerador e de tratamento para o portador da dor crônica. “Eu comparo a dor com qualquer outra doença crônica, como a diabetes, por exemplo. Além de medicar, o médico responsável por tratar esse tipo doença, costuma orientar o paciente a cuidar do condicionamento físico, da alimentação, do sono e da saúde mental”, diz.

Amelie também é professora de medicina intervencionista da Faculdade Sinpain e no Einstein e atua como coordenadora e fundadora do Comitê de Medicina Integrativa e Dor Crônica da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor (Sbed). Palestrante em diversos congressos e de dor, já escreveu diversos capítulos de livro nessa área.

Sobre a Dra. Amelie Falconi

• Especialização em Medicina da Dor pela Santa Casa da Misericórdia de São Paulo

• Título de Especialista em Dor pela AMB (Associação Médico Brasileira)

• Fellow Of International Pain Practice (FIPP) pelo World Institute of Pain (WIP)

• Fellowship de Intervenção em Dor - Clínica Aliviar / sinpain Rio de Janeiro

• Pós-graduação em Medicina Intervencionista da Dor Guiada Por Ultrassonografia - sinpain

• Pós-graduação em Anestesia Regional - Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês

• Especialização em Anestesiologia MEC / SBA

• Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF

• Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionista do Hospital Albert Einstein

• Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionista da Sinpain