Mercado de TI gera 1,3 milhão de empregos no Brasil
Empresas demoram até 70 dias para preencherem vagas e projetam déficit de 400 mil profissionais até 2022
A crise que assombra o Brasil passa longe do setor de Tecnologia da Informação (TI). Segundo a consultoria Catho, de janeiro a junho deste ano, o número de vagas no setor aumentou 44,2%. Só em junho, foram abertas 10.105 vagas, 3.640 a mais do que junho do ano passado. Dados da Brasscom (Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) mostram que o mercado nacional emprega, atualmente, 1,3 milhão de profissionais de TI e, até 2016, esse número deve aumentar em 30%. A pesquisa revela também que o Paraná possui 9% das instituições de ensino que oferecem cursos da área. O estado fica atrás apenas de Minas Gerais (11%) e São Paulo (27%).
As instituições privadas concentram 78% das matrículas na área, em todo o Brasil. Só no Paraná são mais de 14 mil alunos em cursos relacionados à TI. De acordo com dados do MEC, o curso superior de Tecnologia (ou tecnólogo) em Análise de Desenvolvimento de Sistemas foi o que mais formou profissionais de TI no Paraná, de 2010 a 2014, representando 36% dos profissionais formados na área - superando inclusive o curso de Bacharelado em Sistemas da Informação.
Para o professor Kristian Capeline, coordenador do Centro de Tecnologia da Informação (CTI) da Universidade Positivo, esse fator pode ser explicado porque os cursos tecnólogos são uma resposta eficiente à demanda da área. "O mercado de TI evolui muito rapidamente e as instituições de ensino e os alunos têm que acompanhar as mudanças", alerta. Os dados do último Censo da Educação Básica do Inep/MEC de 2014 mostram um aumento de 104,5% nas matrículas dos cursos tecnólogos nos últimos anos, frente aos de bacharelado e licenciatura. De 2009 a 2013, os números mais do que dobram.
Com duração de dois anos e meio, o curso tecnólogo incorpora a prática desde as primeiras aulas - e quem se forma nessa área já sai praticamente com emprego garantido. A média de salário é de R$ 8 mil a R$ 10 mil. Apenas no curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Centro Tecnológico Positivo, 93% dos alunos, incluindo os calouros, já estão empregados.
Mas segundo projeções dos índices IGC e CAGED, do MEC, a formação dos profissionais de TI não acompanhou o aumento da demanda de mercado no Paraná. Até 2009, eram 1.887 profissionais formados para 1.231 vagas disponíveis. Em 2014 foram registradas 5.178 vagas e apenas 2.802 formandos. No estado de São Paulo, essa diferença é ainda mais gritante: 50.768 vagas para 15.068 profissionais formados em 2014. Na pesquisa realizada pela Brasscom em 8 estados do Brasil, a diferença entre os saldos das funções e o número de concluintes associados ao setor de TI é de 134% - o que significa mais de 50 mil postos de trabalho esperando por um profissional qualificado. Um estudo da Softex projeta um déficit de 400 mil profissionais no Brasil até 2022. Atualmente, empresas demoram até 70 dias para preencherem suas vagas, tempo que pode gerar um significativo impacto na operação de uma organização.
Do total de vagas disponíveis para esses profissionais, 32% estão na cidade de São Paulo, que concentra o maior número de oportunidades. No Rio de Janeiro estão 9,77% das vagas e, na sequência, estão Porto Alegre (6,23%), Curitiba (4,78%) e Belo Horizonte (3,66%). Os cargos que apresentam a maior demanda são: Analista de Sistemas, de Programação, de Suporte Técnico, de Processos, Técnico de Telecomunicações, Analista de Rede, Gerente de Projetos, Administrador de Redes, Webmaster e Técnico de Hardware.