O Mundo que Se Torna Cada Vez Mais Compulsivo. Mas, afinal, O Que É Compulsão?
Por Que Pessoas Compulsivas Precisam Fazer Certos Rituais? Como A Pandemia Influenciou o Aumento Dos Quadros De Compulsão que Infelizmente Permanecem e Aumentam?
Segundo o Manual MSD: “As compulsões (também conhecidas como rituais) são determinadas ações ou atos mentais, na qual a pessoa se sente impelida a praticar, para tentar diminuir ou evitar a ansiedade causada pelas obsessões”.
Não é novidade que durante a pandemia, com a mudança de rotina e o estresse causado pelo isolamento social, vimos agora uma grande parte da população mundial sofrendo cada dia mais com o agravamento dos distúrbios psicológicos, entre eles, a s crises de pânico, ansiedade e a depressão que em muitos casos resultam também no aumento de vários tipos de compulsão.
Segundo a Dra. Gesika Amorim, Pediatra, Neuropsiquiatra Infantil, especialista em Tratamento Integral do Autismo e Neurodesenvolvimento - compulsão é um comportamento incontrolável que reduz ou impede o desconforto psíquico, causado por fatores que podem ser, por exemplo, ansiedade ou depressão. A compulsão está envolvida com estímulo e recompensa. Apenas para relembrarmos, segue as diferenças entre obsessão e compulsão: Obsessão é a ideia fixa, em geral, de algo desagradável e (auto)punitivo; a Compulsão é o ritual que essa ideia obriga o indivíduo a realizar, tendo como resultado final, culpa e ressentimento.
Diante de um cenário alarmante, de medo e incertezas que passamos trancados em casa e sem convívio social, muitas pessoas passaram a desenvolver a compulsão alimentar para amenizar as crises de ansiedade. A compulsão por compras on line também foi outra ocorrência que aumentou durante o isolamento social, mas que ainda permanece.
Podemos destacar, por exemplo, a pessoa que tem compulsão por trabalho, o chamado workaholic, que é aquele indivíduo que tem como foco de vida apenas o trabalho, a ponto de prejudicar os outros aspectos da vida pessoal, como o casamento, os filhos, os familiares, os amigos entre outros. E neste contexto e com o aumento, mesmo depois da pandemia, do trabalho home office vimos a cada dia aumentar a Síndrome do Burnout.
Existem também as chamadas compulsões leves, e pelo seu baixo nível de gravidade elas não são classificadas como distúrbio, no entanto, seguem os mesmos comportamentos na tentativa de buscar um conforto para um pensamento, ainda que o comportamento não apresente o efeito esperado.
É quando o indivíduo, por exemplo, sente a necessidade de olhar inúmeras vezes se realmente trancou a porta, muitas vezes girando a chave apara destravar e travar a porta repetidas vezes. Outro exemplo é quando a pessoa sente a necessidade de verificar se o zíper da bolsa está fechado com medo da perda de objetos importantes. O problema é quando essas compulsões leves evoluem para quadros mais graves de saúde, sendo necessário o tratamento adequado – completou a Dra. Gesika Amorim.
Os tipos mais comuns de compulsão, são:
• Compulsão Alimentar: está muito associada ao desenvolvimento de transtornos alimentares. Em geral ela surge como um ato para buscar o alívio do estresse, e pode surgir na infância, quando o indivíduo não desenvolve mecanismos para enfrentar situações de estresse que possam exigir uma grande demanda emocional.
• Por compras: o indivíduo utiliza, de maneira involuntária, a sensação de conquista quando compra algo, sendo uma forma de alívio para um sentimento negativo, como fugir de algum problema. Uma das maiores consequências causadas por esse tipo de compulsão é o endividamento financeiro que acaba comprometendo também os relacionamentos familiares.
• Por jogos: a forma para aliviar o estresse faz com que o indivíduo busque constantemente a sensação de ganhar no jogo, prejudicando a vida social e, quando envolve dinheiro, a vida financeira e até mesmo o rico de integridade física.
• Tricotilomania: A compulsão, dentro desse transtorno, é o comportamento de arrancar os pelos do corpo, principalmente os cabelos, em momentos de estresse ou tédio. É um tipo de compulsão em que o indivíduo descarrega os seus sentimentos no próprio corpo. O indivíduo pode causar lesões e infecções na pele, podendo até desenvolver alopecia.
A compulsão pode, ainda, estar associada a complicações graves, como os vícios que muitos jovens e adultos também, desenvolveram por jogos eletrônicos e telas, que aumentou durante a pandemia, mas que ainda permanece, bem como o uso abusivo de substâncias químicas, sexo ou o desenvolvimento de transtornos como o TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Nesses casos, a vontade de realizar uma atividade compulsiva faz com que pareça uma necessidade para o paciente – finaliza a Dra. Gesika Amorim.
Se você sente que tem algo mudando em você nesse sentido, no seu comportamento e ações, não espere. Busque logo o auxílio de um neurologista ou um psiquiatra e inicie o quanto antes um tratamento. Sem Saúde Mental, não há vida!
Dra. Gesika Amorim é Mestre em Educação Médica, Pediatra, Neuropsiquiatra com formação em Homeopatia Detox (Holanda), Especialista em Tratamento Integral do Autismo. Possui extensão em psicofarmacologia e Neurologia Clínica em Harvard. Especialista em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental. Dentre outros títulos.