Quem cuida de quem cuida?
Cuidar de quem amamos depois de um diagnóstico médico difícil requer um novo olhar, tanto sobre a doença em si, quanto sobre o nosso papel dentro da dinâmica familiar. O que acontece com quem cuida de quem está doente?
Quando recebemos um diagnóstico médico difícil na família, pode parecer um pouco contraditório ter que parar e olhar para as suas próprias limitações, não apenas para as do ente adoentado. Segundo Cláudia Barroso, psicanalista à frente do Bem me Care há mais de 10 anos, e que já atendeu inúmeras famílias nessa situação, é preciso desenvolver um novo olhar sobre a doença, o paciente e sobre si mesmo para um melhor enfrentamento das mudanças que virão.
“Uma família abalada por um diagnóstico médico difícil necessita de ajuda para cuidar não apenas de quem está adoecido, mas para entender a saúde emocional de todos os envolvidos, como estão os vínculos diante do diagnóstico que estão enfrentando e como os papéis estão organizados”, explica Cláudia. Muitas vezes, a doença pega todos de surpresa e não há muito tempo para esse processo dentro da dinâmica familiar.
Cláudia lembra: “é natural que o foco seja quem tem a doença ou a nova condição. Mas receber o diagnóstico e fazer os ajustes necessários pode ser um processo muito doloroso, que se assemelha a um processo de luto”. Aquela pessoa já não pode mais desempenhar todos os papéis que antes lhe cabiam, e talvez precise de cuidados extensivos e com certa urgência, o que toma tempo e interfere no funcionamento emocional de todos.
“Entretanto”, enfatiza a psicanalista, “quanto mais rápido fizermos essa análise e resolvermos não apenas as questões burocráticas, mas as emocionais envolvidas, mais fácil será a adaptação”. Existem casos bem específicos, em que é preciso preparar os membros da família para todos os tipos de mudança, da rotina da casa à da empresa, por exemplo.
“Quem cuida pode adoecer também. Pode desenvolver culpa, angústia, ansiedade”, explica Cláudia, “e é uma realidade que precisa ser observada, mesmo ainda sendo um tabu”. Quem cuida precisa ser cuidado, também. E, muitas vezes, esse processo é esquecido em meio a tantas obrigações com quem está doente.
O Bem me Care desmistifica o fato de que só o familiar adoentado precisa de cuidados. As sessões, que funcionam de forma emergencial, são realizadas em grupo com os familiares, amigos e pessoas próximas que têm suas vidas modificadas pela situação. “É nesse ambiente acolhedor e no qual não há julgamentos que todos podem colocar suas dúvidas, incertezas, fragilidades, e encontrar uma forma de, juntos, desenvolver um novo olhar sobre a situação”, finaliza a especialista.
Sobre o Bem me Care
O Bem me Care consiste em um tratamento emergencial de método psicanalítico, para familiares de um paciente que acaba de receber um diagnóstico médico que altera drasticamente seu futuro. O programa atua para mobilizar a família diante do impacto causado, estabelecendo um novo equilíbrio e a fortalecendo para enfrentamento da doença. Há 10 anos, o programa já ajudou dezenas de famílias a se organizarem diante de situações impactantes e que necessitam de um novo olhar sobre quem adoece e sobre si mesmo.
Sobre Cláudia Barroso
Cláudia Barroso é Psicóloga Clínica formada pela Fundação Mineira de Educação e Cultura – FUMEC, com especialização em Psicoterapia Breve Psicanalítica pelo Instituto Sedes Sapientiae e Psicoterapia de Casal e Família. É Terapeuta Sexual, formada pelo Isexp e Psicanalista formada através de processo particular. Além de fundadora e idealizadora do projeto Bem me Care e co-autora do livro “O impacto da má notícia médica na família. Uma visão psicanalítica”, é também gestora do Falhei & Disse - Reflexões Psicanalíticas com Entretenimento. Hoje atende crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias em seu consultório em São Paulo, atuando também de forma on-line.
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