Aprendizado deve começar antes mesmo da escola, diz especialista
Protagonismo infantil precisa ser trabalhado em casa, desde os primeiros dias de vida
Sempre que uma criança está brincando, ela está aprendendo. Não é à toa que o brincar está previsto, inclusive, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que rege os conteúdos a serem trabalhados ao longo de toda a vida escolar, seja nas escolas públicas, seja nas privadas. Mas a aprendizagem significativa vai muito além do brincar na escola e precisa ser trabalhada também quando a criança está em casa.
Curiosidade e encantamento são características comuns às crianças. Por isso, é preciso saber como aproveitar essas características para estimular o protagonismo infantil. Para a pedagoga e gerente pedagógica da Conquista Solução Educacional, Alessandra Wsolek, esse é o momento ideal para gerar nas crianças a competência de aprender a aprender. “A aprendizagem significativa promove o desenvolvimento integral da criança e deve considerar seus conhecimentos prévios. A criança não é uma tábula rasa, ela é fruto de um contexto e traz consigo muitos saberes”, explica.
A infância é um momento essencial para o desenvolvimento do ser humano. Esse momento terá consequências na sua vida adulta, em ser um ser curioso, que aprende e se entende como alguém potente ou um ser que procura pouco pelo aprendizado e se entende como uma pessoa limitada. O aprender faz parte da vida e deve ser estimulado desde o nascimento. Não é à toa que, segundo a lei brasileira, todas as crianças devem estar matriculadas no primeiro ano da pré-escola no máximo até os quatro anos de idade. É nessa fase que ela precisa, necessariamente, começar a conviver com outras crianças, desenvolvendo assim habilidades socioemocionais que serão usadas ao longo de toda a vida. Mas o aprender, em si, segundo a especialista, começa muito antes, logo que ela nasce.
Direitos da criança
Mais que uma formalidade, a aprendizagem adequada à idade é um direito da criança. De acordo com a BNCC, os pequenos têm direito a brincar, explorar, conviver, participar e conhecer-se. Como explica Alessandra, “é no brincar que ela vai levantar hipóteses, conhecer e perguntar sobre o mundo. Quando ela explora, amplia repertórios e conhece diferentes conexões. Expressando, trabalha com múltiplas linguagens, como a arte, o teatro, a dança, a música, a escrita, a matemática e a linguagem corporal”. Para ela, o conviver é importante para ouvir diferentes opiniões, aprender a se frustrar e cooperar, enquanto o participar traz o trabalho com a colaboração, elaboração de ideias, espera e escuta ativa. Por fim, o conhecer-se é voltado ao autoconhecimento e à autoestima.
Todos esses pontos começam a ser construídos ainda antes da escola, em casa, com os pais ou responsáveis, com a família mais próxima e os conhecidos. “Os princípios dessa sequência são os conhecimentos prévios, levando em consideração a zona de desenvolvimento proximal. Na relação com o outro é que se aprende e, nessas relações, a criança vai fazendo um trabalho em espiral e aprofundando esse conhecimento conforme tem experiências significativas”, detalha a especialista.
Como estimular o desenvolvimento em casa?
Incentivar o aprender a aprender desde os primeiros anos de vida é uma missão que requer alguns recursos específicos. Em primeiro lugar, é preciso oferecer aos pequenos materiais diversos com os quais eles possam usar a imaginação na hora de brincar. Citando Rubem Alves, Alessandra lembra que é dever do adulto olhar e potencializar “o olhar da criança e a capacidade que ela tem de se assombrar diante do banal”.
Nesse sentido, interagir, brincar junto com a criança e envolver-se nas atividades que ela desenvolve em casa é muito importante. Na escola isso deve ser feito seguindo uma estratégia pedagógica planejada pelos professores junto à equipe, mas, em casa, também é possível contribuir com esse trabalho. Os pais ou responsáveis devem possibilitar às crianças momentos de brincar, de estar em contato com a natureza para que elas ampliem seu conhecimento de mundo.