Ensino integral cresce no Brasil
Há dois anos, os pais de Rafael - que trabalham o dia todo e não têm com quem deixar o filho em casa - decidiram matriculá-lo no ensino integral. Assim como ele, mais de 4 milhões de crianças passam ao menos 7 horas por dia na escola. Os dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2014 ainda revelam que as matrículas em educação integral apresentaram um crescimento expressivo - 41,2%.
A falta de tempo é uma das principais razões pelas quais as famílias optam pelo ensino integral. Além de proporcionar segurança e economia - afinal, ela reduz os custos extras com babás, demais atividades e deslocamentos - passar mais tempo na escola oferece novas possibilidades de aprendizagem. "A educação integral não é mais uma necessidade, mas sim uma oportunidade para aprimorar o desenvolvimento e o crescimento pessoal e intelectual das crianças. Educar vai muito além de ensinar as disciplinas formais, é também transmitir valores e princípios em sua totalidade. Por isso, a escola integral funciona como um espaço onde os alunos podem ampliar uma série de habilidades e competências", explica Esther Cristina Pereira, psicopedagoga e diretora da Escola Atuação, pioneira na oferta do ensino integral na capital paranaense.
Dos 1500 alunos da instituição, 760 são atendidos em período integral. Além das aulas regulares, os estudantes ainda participam de atividades como capoeira, teatro, música, culinária, futsal, dança e aulas de hidráulica e elétrica. "É importante ter uma equipe multidisciplinar para planejar uma rotina equilibrada para as crianças. A vivência delas na escola precisa ser pensada de maneira clara, efetiva e carinhosa, sem sobrecargas e sem deixar de lado os momentos de descanso e lazer", ressalta a psicopedagoga.
Crianças que estudam em período integral possuem maior autonomia, desenvoltura e proatividade, pois durante o período na escola elas se envolvem em uma ampla gama de atividades que enriquecem o conhecimento corporal e intelectual. "Mais tempo na escola significa mais tempo para se desenvolver em todos os aspectos". Elas também conseguem trabalhar melhor a resolução de conflitos e a tomada de decisões, já que os pais não estão sempre por perto. Mas nem por isso a família pode deixar de participar da rotina escolar. "Não basta apenas olhar o boletim e cobrar boas notas. Pais que se interessam pelo dia a dia escolar tendem a exercer uma influência positiva, pois isso se reflete no comportamento da criança", revela Esther.