Pesquisa: 63% afirmam que cuidam da própria saúde mental

Pesquisa: 63% afirmam que cuidam da própria saúde mental

Brasil acumula posições preocupantes quando o assunto é saúde mental; ocupa o primeiro lugar no ranking de ansiedade em nível global, segundo em burnout e quinto em depressão

Cerca de 63% dos entrevistados afirmam que cuidam da própria saúde mental, mostra a pesquisa realizada pela plataforma Opinion Box, em parceria com a Vittude, que ouviu mais de 2 mil pessoas.

“Estamos caminhando para uma realidade em que falar sobre saúde mental já não é mais um tabu. As pessoas estão cheias de problemas para resolver e com cada vez mais dificuldade de lidar com tudo o que acontece em suas vidas”, menciona a psicanalista e CEO do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas), Ana Tomazelli.

Ainda de acordo com o estudo, 90% concordam que doenças mentais precisam ser levadas mais a sério; 25% das pessoas gastam, mensalmente, entre 100 e 200 reais com algum tipo de psicoterapia ou análise. Enquanto isso, outros 12%, chegam a gastar mais de 500 reais.

Entretanto, mesmo entendendo a importância, aproximadamente 46% dos entrevistados responderam não ver necessidade no momento atual em fazer acompanhamento com um profissional.

“É importante entendermos que saúde mental não tem preço, não é gasto, não é desperdício. Vale também investir em outras alternativas para cuidar da saúde mental, praticar exercícios físicos, a atividade física reduz os níveis de ansiedade e estresse, e está entre as práticas favoritas para cuidar da mente e do bem-estar, passar tempo com amigos, cuidar da alimentação, tirar um tempo para o ócio, para você, sem trabalho, sem cobrança.”, pontua Ana Tomazelli.

Eficiência disfarçada

“A velha ideia de romantizar o workaholic, de que quanto mais você rala, mais chances terá de receber reconhecimento, não respeitar os próprios limites (ou nem reconhecê-los) também contribui para exaustão, mas é injusto atribuir responsabilidades individuais quando o problema é sistêmico e quando o medo de perder a fonte de renda é maior do que a coragem de se preservar. Por outro lado, esperar que o sistema mude, no curto prazo, é quase ingênuo da nossa parte, o que nos traz de volta às esferas mais particulares”, complementa Ana Tomazelli.

Segundo a Gallup, o trabalho remoto tem desgastado mais os profissionais, comprometendo sua saúde mental. Cerca de 86% das pessoas que trabalham de forma remota apresentaram pelo menos 1 dos 12 estágios dentro das seis etapas até o nível máximo de exaustão.
Mais de 67% das pessoas ainda se sentem pressionadas a estarem disponíveis durante todo o tempo, inclusive fora da jornada "tradicional" conhecida como "horas úteis" ou mesmo fora dos horários combinados previamente, e 45% declara estar trabalhando mais horas do que deveria.

Já a Opinion Box, 61% dos brasileiros concordam que o estresse do trabalho já prejudicou sua saúde mental. 72% dos entrevistados disseram que escolheriam trabalhar em uma empresa que tenha programas voltados para cuidados com a saúde mental.

Para 59% dos entrevistados, trabalhar presencialmente no escritório traz mais benefícios para a mente e o bem-estar. O que motiva 61% a fazerem essa escolha é acreditar que é importante a interação com os colegas para a saúde mental.

O Brasil acumula posições preocupantes quando o assunto é saúde mental e tudo vai passar pelo trabalho, ou seja, pelas relações estabelecidas nos ambientes físicos ou remotos em que há alguma atividade profissional.

“É necessário entender que estatísticas sociais são estatísticas corporativas. Temos a tendência de colocar a culpa nas empresas, esquecendo que as empresas - e qualquer outra corporação - são representadas por pessoas. Se um jogador de futebol faz algo errado, o que isso significa para o time?”, finaliza Tomazelli.

Ana Tomazelli, psicanalista e idealizadora do IPEFEM (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas). A profissional conta com 20 anos de experiência no mercado de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, com passagem pelas empresas KPMG, Dasa, UnitedHealth Group, Solera Holdings, entre outras. Pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Administração e Gestão de Empresas pelo IBMEC, Psicanálise e Saúde Mental (IBCP).

Ipefem

Fundado em 2019, o Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas - Ipefem atua em três pilares, que podem acontecer coordenadamente ou individualmente: pesquisa, educação e terapia. Em Pesquisas, considera-se todas as modalidades técnicas de pesquisa que considerem recortes por gênero, orientação sexual e saúde mental. Em Educação, o instituto tem a Comunidade Ipê, uma plataforma de educação à distância, baseada em Lifelong Learning, dedicada a aulas expositivas e micro conteúdos de impacto. Em Terapia, o instituto já atendeu milhares de pessoas, oferecendo apoio terapêutico individual ou em grupo, podendo ser atendimentos gratuitos ou com valores simbólicos acessíveis. Saiba mais: https://ipefem.org.br/