Universidade supera fronteiras
No Paraná, estudantes discutem empreendedorismo e trocam experiências ao vivo com alunos e professores da Itália
A partir dos anos 1960, o mundo passou por uma revolução nas telecomunicações, com a chegada dos satélites. Pouco mais de três décadas depois, a Aldeia Global era sacudida de novo com a Internet, inaugurando um novo período que facilitou os meios de acesso ao saber e ampliou a inclusão de milhares de pessoas trocando ideias, aprendendo e colocando esse ensino à serviço de suas comunidades ao redor do planeta. O setor educacional aproveitou esse boom, com o já conhecido ensino à distância, as aulas online direto do computador de casa e o aumento de intercâmbios de alunos daqui para outros países e vice-versa. Mas o projeto “Conexão”, criado pela Universidade Positivo (UP), de Curitiba (PR), chega para mostrar que é possível estabelecer novas fronteiras com as ferramentas digitais da Era do Conhecimento.
Há um ano, a UP iniciava seu processo de inserção no cenário internacional, estabelecendo parcerias e contatos com instituições de ensino dos Estados Unidos, Rússia, Turquia, Inglaterra, França e outros países. O ápice da estratégia começou este ano com uma parceria entre a UP e a Universidade de Pisa, instituição de ensino italiana com cerca de 700 anos de atividade. Com a união, nasce dentro do projeto “Conexão” o curso PHD+ que, apesar do nome, não é de doutorado. O programa tem duração de 60 horas, divididas em 14 seminários. As aulas são ao vivo, com a presença das turmas de Curitiba (cerca de 60 alunos) e Pisa (aproximadamente 80 estudantes).
A Universidade de Pisa criou o programa PHD+ em 2011. Já passaram por ele mais de 600 pessoas, com a criação de 23 startups e o registro de 14 patentes. Este ano, pela primeira vez, ele está sendo realizado simultaneamente com o Brasil. De acordo com o diretor do Núcleo de Ciências Exatas e Tecnológicas da UP, Luciano Carstens, o curso pretende estimular ideias de inovação e empreendedorismo, muitas vezes oriundas de pesquisas acadêmicas e que possam ser desenvolvidas para que tornem-se novas startups de sucesso, recebendo apoio e tutoria de professores e pesquisadores do Brasil e da Itália, que têm habilidades e conhecimentos nas áreas de pesquisa.
Carstens ressalta que um projeto de inovação será premiado ao fim do PHD+ na UP e os alunos vencedores terão a chance de conhecer, em julho, como funciona o programa na própria Universidade de Pisa. “O curso PHD+ é planejado para que os alunos saibam como funciona um ambiente de inovação e empreendedorismo. Eles estão sendo estimulados a pensar que as boas ideias no futuro nasçam com foco e objetivo, até se tornarem algo além das próprias ideias, com a concretização em atividades práticas”, completa.
Valorização do estudo em sala de aula globalizada
O projeto tem a vantagem de reunir não só a interatividade e o ensino online como aliados - ele inova o sentido de uso desses meios de transmissão por ter o poder, em uma sociedade globalizada e conectada de forma permanente, de colocar culturas de ambientes universitários distintos trabalhando junto, tudo ao vivo. Era o que, por exemplo, os intercâmbios universitários, que a partir da década de 1990 passaram a crescer no Brasil, se destinavam a fazer, proporcionando novos ares de conhecimento ao aluno, colocado em contato direto com a cultura universitária do país anfitrião. Como se vê, o “Conexão” estabelece uma maneira inovadora de se fazer isso, com a garantia de mais estudantes terem acesso a esse ambiente cosmopolita de ensino superior, sem precisar sair de seus países.
O diretor da Escola de Comunicação e Negócios da UP, Rogério Mainardes, afirma ser esse o grande diferencial. “A vantagem do Conexão é ter pessoas ligadas ao mesmo tempo com uma turma aqui e outra lá, extraindo conhecimento, promovendo o debate e trocando experiências para, juntas, desenvolverem um mesmo projeto”, afirma Mainardes.
Alunos de diferentes cursos de graduação podem, a partir do desenvolvimento de seu próprio conhecimento e experiência, contribuir para o tema debatido entre as turmas brasileira e italiana. “O que pretendemos é buscar a inovação com diferentes disciplinas, mas focando nos mesmos temas, como empreendedorismo, desenvolvimento de negócios e tecnologia. É um mundo novo, com a possibilidade se fazer um debate internacional de alto nível”, analisa Mainardes.