Instituto paranaense participa de expedição de resgate de peças do navio Kasato Maru
Termo de cooperação internacional será assinado entre o Instituto Tecnológico e Ambiental do Paraná e a Sociedade Geográfica da Rússia em 16 de fevereiro. Navio trouxe os primeiros imigrantes japoneses ao Brasil e está submerso em águas russas desde 1945
Nesta terça-feira (16), o Instituto Tecnológico e Ambiental do Paraná - ITAPAR e a Sociedade Geográfica da Rússia - SGR (Russian Geographical Society) assinam termo de cooperação técnica e científica para realização da Expedição Científica Kasato-Maru, o navio que, em 1908, trouxe para o Brasil os primeiros imigrantes japoneses, e afundou em águas russas em agosto de 1945, após ser bombardeado por aviões russos. Além do resgate das peças da embarcação (âncoras, sino, leme, timão e demais artefatos), serão feitas pesquisas que envolverão questões como aquecimento global, biologia marinha, estudo da zona de mistura rio-mar e análise de lagos vulcânicos. A assinatura do termo acontecerá via Skype entre o presidente do ITAPAR, Acef Said, Aleksandrov D.G. e Sergey M. Fazlullin, respectivamente diretor executivo e vice-presidente, da Sociedade Geográfica da Rússia, e Yuriy Mozgovoy, primeiro secretário da SGR, representado o embaixador da Federação da Rússia no Brasil, Sergey Akopov, a partir das 11h30, na sede do Instituto (Rua Ângelo Sampaio, 1564), no bairro Batel em Curitiba.
A expedição
De acordo com o presidente do ITAPAR, a sua participação e início das tratativas para a realização do resgate de peças do Kasato-Maru começaram em 2011 junto ao governo da Federação da Rússia. Em 2013, "recebemos oficialmente a primeira autorização para os projetos necessários. Em abril de 2015, o governo do Paraná e o Senado Federal manifestaram-se favoravelmente a respeito e formalizou-se o pedido, entregue pessoalmente ao embaixador russo Sergey Akopov. Dois meses depois, a Embaixada da Federação da Rússia emitiu nota oficial endereçada ao Ministro da Cultura do Brasil informando que o ITAPAR seria a única instituição autorizada a fazer a expedição", explicou Acef Said.
O governo da Rússia designou a Sociedade Geográfica da Rússia, instituição tem 170 anos de existência e é uma das maiores do mundo, para coordenar os trabalhos de resgate. Acef Said esclarece que os mergulhadores e demais técnicos envolvidos serão exclusivamente russos. A expedição contará também com professores e alunos de universidades russas e brasileiras e tem apoio de diversas entidades representativas, dentre elas, a Câmara de Comércio Brasil Japão.
Cronograma dos trabalhos
Acef Said informa que, em maio deste ano, será realizada uma expedição precursora, com a finalidade de avaliar o local do acampamento base de mergulho e geolocalização exata do navio, bem como a contratação de técnicos, tripulação, equipe de resgate de emergência e demais equipamentos de campo. Em julho e agosto, ocorrerá o resgate das peças. Entre setembro e dezembro, as peças resgatadas serão catalogadas, certificadas e remetidas ao ITAPAR no Porto de Paranaguá.
As peças percorrerão o Brasil em exposições itinerantes. Uma delas poderá ser destinada ao governo japonês para ficar exposta definitivamente no Porto de Kobe, local de partida dos primeiros imigrantes. Acef coloca que o país abriga a maior população de descendentes japoneses fora do Japão.
O navio
O navio foi construído na Inglaterra (Liverpool) a pedido do Governo Russo, em 1900. Primeiramente, se chamou Potosi e depois Kazan. Foi utilizado como navio-hospital durante a Guerra Russo-Japonesa. No final do conflito bélico, foi capturado pela marinha do Japão e adaptado para ser um navio de passageiros, transportando soldados que regressavam do combate na Manchúria, já com o nome de Kasato Maru. Em seguida, passou a ser utilizado para transporte de imigrantes japoneses. Em 1908, trouxe o primeiro grupo oficial de imigrantes japoneses para o Brasil. A viagem começou no Porto de Kobe e terminou 52 dias depois no Porto de Santos. Vieram 165 famílias (781 pessoas) que foram trabalhar nos cafezais do oeste paulista.
Depois de algum tempo, Kasato Maru foi transformado em navio cargueiro e ainda voltou ao Brasil uma segunda e última vez, em 1917, transportando cargas. Em 1942, foi requisitado pela Marinha Imperial do Japão e passou a fazer parte da esquadra japonesa na Segunda Guerra Mundial como navio de apoio.
No dia 9 de agosto de 1945, foi bombardeado por três aviões russos e afundou no mar de Okhtosk, nas águas russas próximas da Península de Kamchatka. Está atualmente submerso a uma profundidade estimada de 18 metros e em bom estado de conservação.
Serviço:
Assinatura de termo de cooperação para Expedição Kasatu-Maru
Dia: 16 de fevereiro - terça-feira - 11h30
Local: Sede do ITAPAR (Rua Ângelo Sampaio, 1564), no bairro Batel - Curitiba
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