Não se educa calando

Não se educa calando

Daniel Medeiros*

Estudei no colégio militar de Fortaleza, entre 1975 e 1981. Antes, fiz o Fundamental I na escola municipal Jenny Gomes, no bairro Aerolândia. A mudança de uma escola para a outra foi parecida com a sensação que hoje tenho ao tirar um sapato de festa, depois de horas em pé. Poucas vezes repeti a alegria de ver meu nome na lista dos aprovados. O colégio militar, para um filho de sargento da aeronáutica e de uma dona de casa, era um luxo que poucos alcançavam, pois o número de vagas era pequeno e a concorrência enorme. No meu ano de ingresso, éramos 23 alunos por vaga. Com 11 anos de idade foi uma experiência e tanto e, devo dizer, nada agradável.

Minha experiência no colégio militar divide-se em duas partes claras e distintas. A parte formadora foi resultado da excelência de vários professores, da biblioteca enorme, dos espaços verdes (havia até um minizoológico dentro da escola), do ensino integral e dos colegas que me ajudaram muito a conviver e superar as dificuldades. A parte deformadora, resultado da disciplina excessiva, das punições desnecessárias, dos exercícios repetitivos, sem criatividade, e das regras bobas como o corte de cabelo, os sapatos e fivelas dos cintos brilhantes, e do medo de contrariar as regras bobas, cujo grau de exigência variava de comandante para comandante e, muitas vezes, de dia para dia, dependendo do humor dos que mandavam em nós.

A parte produtiva e formadora da minha experiência com o colégio militar foi resultado daquilo que é próprio ou deveria ser próprio em uma escola: profissionais adequados, ambiente planejado, laboratórios, materiais modernos, biblioteca atualizada, poucos alunos na sala, carga horária compatível com as exigências de aprendizado. E aí a conclusão óbvia: se todas as escolas públicas tivessem uma estrutura como a que eu tive no colégio militar, a educação no Brasil seria muito diferente. Pobre Jenny Gomes, a escola municipal que eu frequentei até a quarta série, nem dicionário tinha. Uma tristeza, apesar dos esforços dos professores em compensar a falta de condições adequadas e o excesso de alunos e alunas. Logo, o colégio militar era muito bom - não por ser um colégio militar, mas por, principalmente, ser um colégio com muitos recursos.

Meu melhor professor, nesse período , foi um major do Exército, professor Albuquerque. Até hoje lembro dele e de como, graças a ele, tive contato com a Literatura e com muitos dos segredos da Língua Portuguesa. Ele era um homem gentil e muito atento com os alunos que mostravam alguma vocação, sempre estimulando, ouvindo, oferecendo mais leituras desafiadoras. Com ele, conheci a personagem Baleia, o sanatório de Simão Bacamarte e o cortiço de Bertoleza. Ainda hoje lembro, com emoção, a indicação de um livro enorme que ele me fez, dizendo: “sei que você já é capaz dessas leituras de maior fôlego”, entregando-me uma edição de Vinhas da Ira.

Hoje, acompanho pesaroso o apoio de muitos ao projeto de escolas cívico-militares, o discurso de que é preciso resgatar a disciplina nas escolas, os valores patrióticos e outras coisas mais, como se o benefício da escola fosse a disciplina, que é o poder dado a algum adulto para calar as crianças e os jovens, quando na verdade o que de fato gera aprendizado é a qualidade dos adultos em nos ouvir e depois falar para que os ouçamos, oferecendo-nos coisas com cuidado e carinho e não impondo-nos como quem sabe que não é bom e só com rudeza poderá ter sucesso.

Lembro-me agora do professor Teixeira, já avançado nos anos, pequenino e enrugado, que nos dava aulas de História no colégio militar. Civil, ia com um jaleco branco que se perdia bem abaixo de seus joelhos. Lembro-me que muitos meninos riam do jeito frágil e desconcertado dele. Mas bastaram poucas semanas para todos adorarem o professor Teixeira, pela narrativa maravilhosa de suas aulas, pela forma sempre educada com que se dirigia a cada um de nós, pela coerência de suas atitudes, pela compreensão por nossas falhas de jovens imberbes, imaturos. Ele era rigoroso, coerente e dedicado. Não tínhamos medo dele, porque o medo não educa. O medo só serve para nos afastar do mundo.

Essas são as lembranças que tenho do colégio militar, um período muito bom da minha vida, com exceção da parte na qual alguns imaginaram que poderiam me ensinar como quem quer ensinar pássaros a voar. Se as pessoas entendessem que educar é ouvir e estimular as pessoas a serem o que elas são, e não o que os adultos querem que elas sejam, seríamos um outro país. Major Albuquerque, professor Teixeira, os senhores entenderam isso. Não por serem militares ou serem civis, mas por serem adultos capazes de entender a obrigação dos adultos com os mais jovens.

* Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo

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Carreira pós-coronavírus: 20% das profissões pode adotar home office de forma permanente

Carreira pós-coronavírus: 20% das profissões pode adotar home office de forma permanente

Pandemia tem alterado as estruturas do mercado de trabalho. Para consultora, cabe às organizações e profissionais se adaptarem e criarem novas oportunidades em meio a crise

O novo coronavírus transformou completamente a rotina da maioria das pessoas. Empresas e pessoas do mundo todo precisaram se adaptar e alterar processos de trabalho, adotando muitas vezes o trabalho remoto, em casa, como opção para continuar produzindo sem comprometer a segurança. Segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o teletrabalho será possível para 22,7% das ocupações no Brasil. Ou seja: uma a cada cinco profissões no Brasil pode adotar o home office.

A adaptação ao escritório em casa pode se tornar, no futuro breve, mais que uma necessidade, mas uma preferência. Uma pesquisa da ISAE Business School aponta que 80% dos gestores que adotaram o sistema de trabalho a distância afirmam gostar da nova maneira de trabalhar. De acordo com Mônica Vialle, master coach em lideranças e gestão de tempo, isso pode se consolidar porque muitas empresas vão optar por fechar estruturas físicas e trocá-las pelo trabalho à distância, transformando a casa dos colaboradores em pequenos escritórios individuais. “As pessoas precisam se acostumar com a tecnologia e aprender a usá-la, pois ela tem sido o caminho que soluciona vários problemas e tem diversos benefícios”, explica.

O local de trabalho não está mais diretamente vinculado a um endereço específico. As novas tecnologias permitem acessar e-mails, documentos e interagir com equipes de qualquer lugar do mundo. A execução de atividades profissionais em casa não é mais novidade. Para a consultora, a crise causada pela Covid-19 apenas acelerou o processo de adaptação a esta realidade, que pode ser considerada o “novo normal”. Vialle ressalta que o período de crise atual alterou o ritmo e é necessário ceder para se acostumar. Assim, as empresas precisam recuar, ter flexibilidade com os salários e até mesmo pensar em outros negócios.

Era do Medo

Mônica Vialle também destaca que estamos em uma época baseada em medo e insegurança psicológica. “O medo está muito presente em nós, mas é possível transformá-lo em potencial para não deixar as coisas desmoronarem”. Embora esse sentimento exista, é possível utilizar dele para criar novas oportunidades para si mesmo, explorando o seu potencial. Uma dica é justamente olhar para o que está sendo feito e pensar “o que eu posso fazer dentro de casa com o meu potencial? Quais cursos posso fazer? Que serviço posso oferecer?”. É necessário justamente desenvolver uma alteração da mentalidade, de olhar para uma situação e tentar enxergar uma chance de criação de negócios, mesmo nas situações mais simples.

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A linha nada tênue entre liberdade de expressão e fake news

A linha nada tênue entre liberdade de expressão e fake news

*Cristiano Caporici

No longínquo 2008, quando, em meio a um enorme debate sobre a obrigatoriedade ou não de se ter um diploma para o exercício da prática jornalística, comecei a minha graduação, não existia o termo ‘fake news’, tão popularizado atualmente no Brasil e no mundo.

Vou além: para os professores de jornalismo, conceitualmente, fake news não existem, pois se é fake, não é news, afinal ‘news’, do inglês, é ‘notícia’ e notícia é verdade. Mas, hoje, 12 anos depois, em meio a uma CPI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga notícias falsas e assédio nas redes sociais, e no momento em que a maior rede social do planeta é pressionada a tomar medidas mais consistentes, justamente na luta pelo combate às informações falsas, esse cenário parece bastante realista.

A democratização da informação trouxe consigo a facilidade do exercício de uma comunicação inconsequente, irresponsável e perigosa. E foi aí que se iniciou uma ‘pandemia’ tão devastadora como a que vivemos no campo da (des)informação em massa.

Foi preciso que mais de 900 empresas, das pequenas às gigantes, se juntassem em um boicote histórico ao Facebook para que Mark Zuckerberg tomasse uma atitude. O Stop Hate for Profit (Pare de Dar Lucro ao Ódio) alega que o Facebook não faz o suficiente para remover conteúdos racistas e de ódio. E sua resposta à ‘crise’ até agora não foi vista com bons olhos pelos líderes dessa iniciativa, que se declaram decepcionados com o posicionamento do fundador.

Adidas, Coca-Cola, Diageo, Ford, Honda, HP, Starbucks e Unilever são apenas alguns dos muitos exemplos de companhias que decidiram não mais destinar suas verbas de marketing para anúncios na rede social de Zuckerberg até que os executivos da empresa adotem práticas firmes de combate e remoção de fake news e conteúdos racistas e de ódio.

Especificamente no Brasil, a rede social anunciou, entre outras medidas, a remoção de mais de 85 perfis, entre contas e páginas no Facebook e Instagram, suspeitos de formar uma rede de propagação de notícias falsas sobre política e a pandemia do novo coronavírus, além do incentivo à propagação dos discursos de ódio. Ao todo, os perfis banidos contavam com mais de 1,8 milhão de seguidores.

Políticos, empresários, formadores de opinião e até mesmo, quem diria, jornalistas se veem envolvidos em uma gigante teia de notícias falsas no Brasil e no mundo, com os mais variados objetivos.

Parte dos acusados justifica seus atos como ‘liberdade de expressão’. Ora, vamos à definição constitucional: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”, segundo o Artigo 5º da Constituição Federal. Sendo assim, não há, por essência, vínculo entre uma inverdade propagada como notícia (fake news) e a tão mencionada liberdade de expressão.

Como jornalista e profissional de comunicação, luto veementemente contra qualquer tipo de censura. No Brasil e em qualquer país democrático, deve-se haver total liberdade de expressão e de imprensa, mas isso não pode ser justificativa para que indivíduos mal intencionados, seja com quais objetivos forem, divulguem inverdades sobre pessoas, empresas e instituições.

E quando isso acontecer – como tem se comprovado, seja na CPI das Fake News ou no movimento Stop Hate for Profit, em pressão ao Facebook – deve haver a punição adequada aos responsáveis, como um ‘remédio’ a essa ‘pandemia’, e a conscientização dos demais envolvidos no universo da comunicação e da informação para que estejamos ‘vacinados’ e possamos, em breve, nos livrar deste mal.

* Cristiano Caporici é diretor de Comunicação e Marketing da Tecnobank

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Cookie Stories lança kits especiais para o Dia dos Pais 2020

 

 

 

Cookie Stories lança kits especiais para o Dia dos Pais 2020

Duas opções exclusivas fazem parte dos lançamentos da doceria curitibana para uma das datas mais especiais do ano

O Dia dos Pais de 2020 ficará marcado por celebrações fora do habitual. Considerada uma das principais datas para o comércio nacional, neste ano os tradicionais almoços em família serão substituídos por momentos mais intimistas. Pensando nisso, a Cookie Stories, principal casa de cookies do Brasil, preparou opções de kits especiais para serem consumidos em casa, perfeitos para presentear o paizão que ama doces e cafés especiais.

O “Kit 1”, que custa R$ 57,80, traz quatro unidades do clássico Cookie Shots e um pacote de 250gr do Cookie´s Coffee. Já o “Kit 2”, que custa R$ 112,80, é composto por quatro unidades de Cookie Shots, um pacote de 250gr do Cookie’s Coffee e uma cafeteira Moka. Além disso, a Cookie Stories vai disponibilizar a venda avulsa do Cookie’s Coffee (R$ 22) e da cafeteira Moka (R$ 65).

As encomendas dos Kits de Dia dos Pais da Cookie Stories podem ser feitas pelo WhatsApp nos números (41) 3077-0601 e (41) 3077-0601. Os pedidos serão entregues a partir de quarta-feira, dia 05 de agosto. Além da entrega tradicional via delivery, os pedidos podem ser retirados na loja por meio de drive-in, onde o cliente recebe o pedido em seu carro; ou por meio do conceito “to go”, onde o pedido é retirado no balcão da loja.

Mais informações na página oficial da Cookie Stories no Facebook ou no site www.cookiestories.com.br.

 

 

 

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Comissão de Educação da ABF lança cartilha para orientar retorno de aulas presenciais em cursos livres

 

 

 

Comissão de Educação da ABF lança cartilha para orientar retorno de aulas presenciais em cursos livres

Documento orienta franqueadores e franqueados sobre a retomada gradual das atividades presenciais nas unidades de ensino de cursos livres, com segurança para alunos e suas famílias, professores, demais colaboradores e toda comunidade

Preservar a saúde e o bem-estar dos estudantes, suas famílias, colaboradores e de toda comunidade escolar é a prioridade das franquias do segmento de Serviços Educacionais diante da pandemia do novo coronavírus. Por isso, tão logo foi decretado o fechamento das escolas pelas autoridades governamentais, as redes acataram. Agora, o governo de São Paulo está relaxando as medidas de isolando e permitiu o retorno com restrições de aulas presencias de cursos livres, que passaram a ser enquadrados como serviços dada sua natureza diversa do ensino regular. Em outras regiões, identificam-se também movimentos de reabertura, em diferentes graus e regulamentações.

Mesmo mantendo aulas on-line nesse período de isolamento social, as franquias de educação entendem que as aulas presenciais são importantes para a formação do aluno. Para ajudar neste momento de reabertura gradual, a Comissão de Educação da ABF desenvolveu um guia consolidado de boas práticas no documento Protocolo de Retorno.

A cartilha contou com o apoio técnico Ei Educação Continuada, empresa que segue as diretrizes da equipe liderada pelo PhD Edimilson Migowski, MBA, médico e professor de Doenças Infecciosas da UFRJ. “Elaboramos um protocolo sucinto, claro, que tem por objetivo orientar franqueadores e franqueados sobre como proceder na retomada gradual das atividades presenciais nas unidades, que pode ser usado em diferentes situações, independentemente do tipo de ensino prestado pela franquia. Reunimos nesse documento as orientações principais que pudessem ser padrão para todo o segmento de educação. Cada franquia poderá adequar o protocolo às peculiaridades da sua operação”, explica Sylvia Barros, coordenadora da Comissão.

As escolas de cursos livres, como são a maioria das que integram as redes de franquias do segmento de Serviços Educacionais, são distintas das escolas de ensino regular, da rede pública e privada. São em geral estabelecimentos menores, com aulas de menor duração e turmas também reduzidas, que não concentram grande número de alunos, como nas escolas regulares.

“Essa distinção entre as escolas de cursos livres e as instituições de ensino regular é fundamental. As franquias têm condição de retomar suas atividades mais rapidamente do que as escolas regulares, oferecendo toda segurança à comunidade escolar. E a implementação do protocolo de segurança sanitária pode ser feita com agilidade, sem qualquer burocracia, por exemplo, como a oferta de álcool em gel, de máscaras, a limpeza e desinfecção das instalações e outras medidas necessárias”, completa Sylvia.

Em pesquisas internas recentes, as redes identificaram o desejo de retorno de alguns alunos, mas o ensino a distância será mantido. Além disso, o retorno das atividades presenciais das áreas administrativa, comercial e de marketing será importante para a reorganização das redes neste momento e para o planejamento e captação de matrículas para o segundo semestre.

Orientações

Entre outras, o Protocolo de Retorno traz orientações a respeito das medidas gerais de segurança na escola, tais como:

• A possibilidade de redução do tamanho das turmas, de forma que haja um espaço mínimo de 1,5 metro entre cada aluno;

• Retorno gradual, iniciando com as turmas menores ou com número reduzido de salas, e a suspensão do uso das áreas comuns de convivência (lanchonetes, salas de espera, cafés);

• Diminuição da frequência de aulas simultâneas, para evitar aglomeração nos corredores, e na entrada e saída dos alunos;

• Colocar e manter abastecidos recipientes de higienização das mãos em todas as salas de aula e nos ambientes comuns.

Quanto aos colaboradores, os franqueados deverão:

• Orientá-los e incentivá-los a higienizar as mãos regularmente, especialmente entre as aulas;

• Garantir que máscaras faciais ou lenços estejam disponíveis no ambiente de trabalho, assim como lixeiras fechadas para o seu descarte;

• Comunicar os funcionários imediatamente que qualquer um que apresente febre ou tosse (mesmo que pouca) fique em casa;

• Manter em isolamento os profissionais que estão em grupo de risco ou que morem com pessoas pertencentes ao grupo, entre outras medidas.

Sobre a ABF

A ABF – Associação Brasileira de Franchising é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1987, que representa oficialmente o sistema de franquias brasileiro. O setor registra um faturamento anual superior a R$ 186 bilhões, mais de 160 mil unidades e cerca de 2.900 marcas de franquias espalhadas por todo o Brasil. Além disso, o franchising brasileiro responde por aproximadamente 2,7% do PIB e emprega diretamente mais de 1,2 milhão de trabalhadores. Atualmente com mais de 1.300 associados e cobrindo todo o território nacional por meio da seccional Rio de Janeiro e de regionais (Sul, Minas Gerais, Centro-Oeste, Nordeste e Interior de São Paulo), a entidade reúne franqueadores, franqueados, advogados, consultores e demais fornecedores e stakeholders do setor. O propósito da ABF é fomentar o franchising brasileiro, nacional e internacionalmente, para que ele se mantenha próspero, sustentável, inovador, inclusivo e ético. A Associação dedica-se a aperfeiçoar o sistema de franquias brasileiro por meio da capacitação de pessoas em diversos cursos presenciais e on-line, do estímulo à inovação, da disseminação das melhores práticas, da representação junto às diversas instâncias.

 

 

 

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