Hanseníase ainda é estigmatizada por brasileiros
Uma das doenças mais antigas do mundo é tema de campanha de conscientização e prevenção em janeiro
No Brasil, a hanseníase foi diagnosticada em cerca de 155 mil pessoas entre 2016 e 2020, segundo o boletim divulgado pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS). Embora a condição infecciosa tenha cura, o estigma em torno da doença, antigamente conhecida como lepra, ainda é grande no país.
A condição é caracterizada por sintomas como, sensação de formigamento nas extremidades, manchas brancas ou avermelhadas na pele, perda de sensibilidade – ao frio, calor, dor e tato – e caroços em qualquer lugar do corpo.
Janeiro é o mês de conscientização e combate à hanseníase, campanha estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, André Almeida, comenta que a condição pode ser identificada e tratada tanto por infectologistas como por dermatologistas, mas idealmente a suspeita pode e deve ser feita por qualquer profissional da área da saúde, incluindo equipe de enfermagem e médicos que atuam na atenção primária e outras equipes assistenciais. A precocidade nessa identificação é fator primordial para o início de tratamento em tempo oportuno e redução da evolução com sequelas potencialmente graves.
“A hanseníase é uma doença infecciosa que ocasiona diversos sintomas em pele e no sistema nervoso periférico, sendo potencialmente mutilante, e como o diagnóstico é realizado por meio de exame físico, é de extrema importância que mais de uma especialidade ou área tenha conhecimento para orientar o paciente para tratamento da doença”, explica ele.
A transmissão da hanseníase acontece principalmente por via respiratória, por meio de secreções nasais, gotículas da fala, espirro ou tosse, sobretudo pelo contato prolongado com pessoas que não estão realizando o tratamento ou que desconhecem o diagnóstico. Almeida ressalta que as pessoas que estão em tratamento ou curadas tem o ciclo de transmissão interrompido, sendo esta uma das medidas fundamentais para o controle da doença na comunidade.
O tratamento da condição acontece por meio de medicamentos devidamente prescritos pelo médico e quanto mais cedo for diagnosticada, mais rápido será o tratamento e menor a chance de sequelas, déficits sensitivos, paralisias e atrofias musculares.
Uma das doenças mais antigas do mundo
De acordo com o infectologista, ela é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e a condição já foi pejorativamente conhecida como lepra e tratada como um tipo de castigo para quem era contaminado pela bactéria.
Somente no século XIX foi descoberta a causa da hanseníase – pelo médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, enquanto existem registros da doença desde o século 6 a.C., tornando a condição uma das mais antigas a serem descritas no mundo.
“As manchas e caroços são um dos sinais frequentes desses pacientes, o que gera preconceito e distanciamento das pessoas ao redor deste doente. E o “estigma de leproso", termo não mais utilizado, fica sobre este ser humano, o que contribui para a má qualidade de vida”, comenta a dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Silvana Coghi.
Coghi aponta também que uma das possíveis consequências de não tratar a hanseníase é que as lesões aparentes no corpo podem se tornar severas e irreversíveis.
Além disso, para prevenir a hanseníase é preciso estar atento à vacinação das pessoas presentes na casa do paciente que foi diagnosticado, sendo a vacina BCG responsável pela prevenção.
“É essencial que informações sobre sintoma, diagnóstico e tratamento sejam divulgadas de forma ampla na sociedade, para que os casos da doença possam ser identificados e tratados da maneira mais precoce possível”, finaliza a dermatologista.
Sobre a Rede de Hospitais São Camilo
Especializada na assistência em saúde baseada em valor, a Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo conta com 5 unidades, que prestam atendimentos em mais de 60 especialidades, cirurgias de alta complexidade e transplantes de medula óssea. São 3 unidades de hospital geral, 1 especializada em oncologia e 1 em reabilitação e cuidados paliativos. A Rede conta também com um Núcleo de Pesquisa Clínica que é referência no país, sendo considerado Top Recruitment - o maior recrutador de pacientes com mais de 40 estudos patrocinados na área de Oncologia.
Os hospitais privados da Rede subsidiam as atividades de cerca de 40 unidades administradas pela São Camilo e que atendem pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) em 15 Estados brasileiros. No Brasil, desde 1922, a Sociedade Beneficente São Camilo, que pertence à Ordem dos Ministros dos Enfermos, foi fundada por Camilo de Lellis e conta, ainda, com 25 centros de educação, dois colégios e dois centros universitários.
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