A geopolítica da vacina

 

 

 

A geopolítica da vacina

João Alfredo Lopes Nyegray*

O surto pandêmico da Covid-19 é um, dentre vários fatores, que desafiam o bom senso e a sanidade mental nesse atípico ano de 2020. Desde que a “desconhecida pneumonia de Wuhan” foi anunciada entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, o mundo oscilou entre descrença, medo, lockdown e abandono do isolamento social – mesmo em meio à ascensão no número de casos. A corrida pela imunização contra o vírus que já deixou mais de um milhão de mortos oficialmente contabilizados pelo mundo (sempre pode ser mais que isso), comprimiu ao máximo possível o prazo para estudo, testes e produção de uma vacina que nos livre finalmente dessa “gripezinha”.

Resumidamente, um processo de criação de vacina consiste em pelo menos três fases: a criação, a partir do vírus, e testes em um pequeno grupo de voluntários (fase um); o teste da capacidade de geração de anticorpos (fase dois); e o teste em milhares de voluntários para comprovar ou não a eficácia (fase três). Das mais de 160 vacinas em fase de criação e testes, pelo menos cinco estão na fase três: a da chinesa Sinovac, a da BioNTech/Fosun Pharma/Pfizer, a da Janssen Farmacêutica, a da norte americana Moderna e, é claro, a mais falada de todas, a da Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca.

Como se não bastasse o diário crescimento de mortos e infectados, e de sucessivas ondas de contágio, médicos, pesquisadores e laboratórios trabalham pressionados por uma economia global em desaceleração vertiginosa, por um número cada vez maior de desempregados e pela ansiedade generalizada em retomarmos uma vida mais ou menos normal, sem máscaras ou medo. Nesse sprint farmacêutico global, o Instituto de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia da Rússia anunciou, em maio, uma vacina supostamente sem efeitos colaterais, cujos testes clínicos foram dados como concluídos já em agosto. No mesmo mês, Vladmir Putin anunciou o registro da Sputnik V – cujo nome faz alusão ao satélite soviético que colocou animais em órbita. Esse anúncio foi visto com bastante desconfiança, seja pela falta de dados numéricos sobre o estudo, seja pela rapidez de sua conclusão.

Como afirmam Tamer Cavusgil, Gary Knight e John Riesenberger, quase 40% dos estudos clínicos de medicamentos são feitos na China e na Rússia. Em Negócios Internacionais, isso é muito comum, e se chama de Global Sourcing, ou seja, a disseminação das atividades de uma mesma empresa em vários locais diferentes pelo mundo. É o que faz, por exemplo, a Apple, ao desenhar e desenvolver produtos na Califórnia, usando novas peças criadas em Hong Kong, e produzindo aparelhos na China.

Tal qual ocorre em outros setores, os custos mais baixos para a contratação de médicos e recrutamento de pacientes justifica o sourcing desses estudos para países emergentes. De uns anos para cá, no entanto, questões éticas foram levantadas, em especial na Rússia, onde os salários dos médicos são relativamente baixos. Tamer Cavusgil, Gary Knight e John Riesenberger afirmaram que um médico russo pode ganhar mais de dez vezes seu salário recrutando pacientes, em vez de simplesmente testá-los. Além dessa preocupante questão, os autores pontuaram que muitos estudos desenvolvidos no país de Putin não foram revisados oficialmente pelas autoridades locais.

É nesse contexto que emergiram as fake news sobre a vacina de Oxford. Fotos, memes, vídeos e toda uma campanha de desinformação apontam que a vacina britânica transformaria as pessoas em macacos (?!?!), e esses absurdos estão sendo direcionados justamente nos mercados onde os russos estão tentando vender a sua vacina, como Brasil e Índia. Tem-se aqui uma tentativa de jogar sobre os demais a desconfiança que a Sputnik V atraiu sobre si.

Com isso, tornou-se claro que o que está em jogo não é apenas uma vacina que ponha fim ao tormento da Covid-19, mas uma polpuda fatia do trilionário mercado farmacêutico. Em 2019, esse mercado teve uma receita de mais de 1,2 trilhão de dólares, e certamente as ações das companhias que estão desenvolvendo as potenciais vacinas terão um meteórico crescimento assim que sua eficácia seja comprovada.

O professor Alexander Sergunin, da Universidade de São Petesburgo, comenta que a Rússia pós-soviética tem sido vista como imprevisível, irracional e, muitas vezes, agressiva. A ofensiva na Geórgia em 2008, a anexação da Crimeia em 2014, a interferência russa na Guerra Civil Síria desde 2015, e a suposta interferência nas eleições presidenciais estadunidenses em 2016 seriam provas da instabilidade de Moscou. Agora, a campanha difamatória contra o produto da Universidade de Oxford e da AstraZeneca é mais uma acusação que pesa sobre os russos – no momento em que choramos pela perda de entes queridos.

A balança comercial russa depende largamente de produtos primários, como gás natural, madeira e petróleo; e o investimento em biotecnologia, nanotecnologia e informática aeroespacial veio na tentativa de diminuir a dependência comercial dos recursos finitos. A estratégia parecia estar funcionando até 2008. Agora, com a tentativa do uso político da vacina, o que os russos atraem é justamente o oposto do que parecia ser a intenção: mais desconfiança e percepções negativas.

* João Alfredo Lopes Nyegray é advogado, formado em Relações Internacionais e especialista em Negócios Internacionais. Coordenador do curso de Comércio Exterior na Universidade Positivo

 

 

 

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63% dos brasileiros têm medo de se infectar com novo coronavírus, diz estudo

 

 

 

63% dos brasileiros têm medo de se infectar com novo coronavírus, diz estudo

O medo é ainda maior entre as pessoas que perderam algum parente ou amigo próximo

Nas últimas semanas, o número de mortes por coronavírus tem diminuído em relação ao pico atingido no final de julho, quando eram registrados mais de mil óbitos por dia. Mesmo assim, o medo da população continua, conforme constatou o Trocando Fraldas em seu mais recente estudo; 63% dos brasileiros ainda têm medo de se infectar com a Covid-19. Esse medo é ainda maior para as pessoas que perderam alguém próximo, com 74% dos participantes; e também entre as mulheres, com 63%, contra 51% para os homens.

Ainda, o estado em que mais pessoas têm medo de se infectar é o Piauí, com 75% dos participantes. No Rio de Janeiro e em São Paulo, 66% e 63% têm medo, respectivamente. Logo no final da lista está o Acre, com 56% dos participantes com medo de contrair o vírus. Já o estado em que as pessoas têm menos medo de serem infectadas é Santa Catarina, com 53%.

O estudo também constatou que, até o momento, pelo menos 25% dos participantes perderam algum amigo ou parente próximo para o coronavírus. No Amapá, pelo menos 44% dos entrevistados perderam algum parente ou amigo. No Rio de Janeiro, 30% passaram pela dor da perda durante a pandemia. Já em São Paulo, 23% da população perdeu um amigo ou parente próximo. Os estados com os menores percentuais são Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, com 17%, 16% e 14% respectivamente.

 

 

 

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Descoberta precoce do câncer de próstata pode evitar tratamento agressivo

 

 

 

Descoberta precoce do câncer de próstata pode evitar tratamento agressivo

Novembro Azul ressalta importância dos cuidados com saúde dos homens

Mais de 65.800 casos e 15.500 mortes de brasileiros por câncer de próstata. Essa é a previsão que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) faz para 2020. Números que chamam ainda mais atenção quando se sabe que a maioria das mortes de homens poderia ser evitada com os exames para detecção da doença. Por isso, a campanha Novembro Azul foi criada para lembrar os homens da importância do exame anual.

“Existem muitos tumores de próstata que não são tão agressivos e quando detectados precocemente podem ser acompanhados no que chamamos de vigilância ativa. Em muitos casos o tumor não chega a se desenvolver e se isso acontecer, a gente pode optar em realizar a cirurgia”, explica o urologista do Hospital Marcelino Champagnat, Anibal Branco.

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens façam o exame preventivo a partir dos 50 anos e homens da raça negra ou que tenham histórico familiar com parentesco em primeiro grau, devem começar os cuidados aos 45 anos.

Ubiraci Rodrigues, 56 anos, descobriu o câncer há cinco anos nos exames de rotina que faz religiosamente. Como de costume, fez o PSA (Prostate-Specific Antigens), ecografia da região e o exame do toque retal. Nos dois primeiros não foi constatada nenhuma alteração, mas, durante o toque, o médico descobriu um pequeno tumor. “É uma descoberta muito complexa. A impressão que tive quando veio o diagnóstico do câncer foi de morte iminente”, conta.

Mas, como foi diagnosticado precocemente e o tumor não é do tipo mais agressivo, Ubiraci não precisou de cirurgia ou nenhum outro tratamento invasivo. Ele faz o acompanhamento semestral com o urologista para monitorar se teve alguma alteração. “Vivo há cinco anos com o tumor, só acompanhando. O médico me fala que provavelmente não vai ser o câncer de próstata que vai me matar, já que está estável por todo este tempo”, ressalta o paciente.

Sintomas

O câncer de próstata não apresenta nenhum sintoma nas fases iniciais e esse é o grande risco que os homens que não realizam os exames anualmente com o urologista correm. Normalmente quando aparece algum sintoma, já aconteceu a metástase para o osso e a partir desse momento não tem mais cura.

“Quando a doença é descoberta em um estágio mais avançado, o tratamento acaba sendo muito mais agressivo, comprometendo a produção de testosterona e elevando os riscos de doenças cardíacas, impotência sexual e distúrbios cognitivos”, diz o urologista.

 

 

 

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Shopping Estação completa 23 anos: relembre alguns fatos curiosos

Shopping Estação completa 23 anos: relembre alguns fatos curiosos

A cultura marca a história do shopping que comemora 23 anos

Em novembro, o Shopping Estação comemora 23 anos. Durante esse período muitas coisas aconteceram. Relembre fatos históricos e atuais do shopping que faz parte da vida de muitas famílias curitibanas.

Estação Ferroviária

O Shopping Estação surgiu a partir de uma estação férrea e preserva o local até hoje. Ela foi construída em 1885 e abriu um importante canal de desenvolvimento econômico e social para a capital da província do Paraná. A arquitetura da estação tem como inspiração os modelos italianos: térrea, com linhas simples, três portas para acesso dos passageiros e um relógio no alto da fachada. Até hoje a fachada é preservada exatamente como era antigamente, além de abrigar um trem de verdade.

Museu

Toda a história da primeira estação férrea e do desenvolvimento da ferrovia no estado está preservada no Museu Ferroviário, que é o único museu dentro de um shopping da capital. Os visitantes podem conferir as duas locomotivas a vapor originais, uma delas a Maria Fumaça de 1917, um acervo com mais de 600 peças originais e réplicas de ferrovias, mobiliários e objetos como telégrafos, telefones, apitos, chapéus, relógio e sinos.

Teatro

A cultura também está presente através dos espaços teatrais. Desde a sua inauguração, o Shopping Estação tem uma vocação para o entretenimento. Atualmente é um dos poucos shoppings que conta com dois teatros: o Dr. Botica e o EBANX Regina Vogue. Ambos os espaços têm mais de 15 anos.

O Teatro Dr. Botica foi inaugurado em 2001 e foi especialmente projetado para difundir a arte de bonecos e de animações. Em 2005 o espaço EBANX Regina Vogue foi criado. Os dois espaços são considerados equipamentos culturais da cidade de Curitiba, sempre buscando conectar e trazer experiências incríveis para todos os espectadores.

Em 2014 o Shopping realizou a primeira edição do projeto “Faz de Conta”, que proporciona aos pequenos teatro, diversão e lazer. Atualmente as atrações estão sendo realizadas exclusivamente no formato online, nas redes sociais do Estação.

Turma da Mônica

Programação para família toda sempre foi uma marca do Estação. Quem não se lembra do Parque da Mônica, que fez a felicidade das crianças dos anos de 1990. Ele funcionou de 1998 a 2000 e tinha atrações como o Trem do Penadinho, Teatro, o Brinquedão, Laboratório do Franjinha, Bate-Pneu, Karaokê, o Informágica (jogos de video-game) e ainda as casas da Mônica, do Cascão, do Cebolinha, da Magali e Do Contra. E no ano passado os personagens voltaram ao shopping e participaram da estreia do filme Turma da Mônica Laços.

Lojas abertas há 20 anos

As crianças que frequentaram o Shopping nos anos 90 e que agora são adultas conseguem encontrar algumas lojas que estão em funcionamento desde a sua infância. Algumas operações como L’Avion, Bekos, Mc Donalds, Baummer e café da Esquina estão abertas há mais de 20 anos.

Para Henrique Goulart de Paula e Silva, gerente da Bekos o Shopping mudou bastante neste período. “Quando abrimos a loja, em 2000, tudo era aberto, não tinha a cobertura de vidro, e o local tinha como proposta proporcionar lazer para as famílias curitibanas. Nesses 20 anos presenciei o amadurecimento do Shopping. Hoje ele une lazer, entretenimento e compras”.

Pioneirismo

Foi o primeiro shopping da cidade a implantar a solução de armários inteligentes, o Locker. Além disso, o atendimento que digital ganhou mais força em 2020. Os clientes agora contam com um Assistente Virtual, a Cléo, vitrines virtuais temáticas no site do shopping e Delivery Center.

“A experiência digital do cliente ganhou força este ano. Não temos dúvidas de que é um comportamento que veio para ficar e por isso estamos adotando medidas para acelerar a transformação digital no shopping. Essa atitude faz com que iniciativas inéditas na cidade, como o Locker Estação, fossem colocadas em prática”, comenta Ronaldo Padilha, Superintendente do Shopping Estação.

A história do Shopping Estação faz parte da história de Curitiba e também de todas as pessoas que frequentaram ele nesses 23 anos. Como meio de estimular lembranças deste período o Estação preparou uma playlist com os principais sucessos de 1997 até hoje. Confira no link: https://open.spotify.com/playlist/45MWY8aAkdM3f91g6coASs?si=L90rX2tiSjKlqxPVA_Qupg.

Shopping Estação

Av. Sete de Setembro, 2.775, Rebouças - Curitiba (PR)

(41) 3094-5300

www.shoppingestacao.com.br

@shoppingestacao |www.facebook.com/ShoppingEstacao

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Novembro Azul: médica alerta para os cuidados com a saúde e prevenção de doenças do homem

Novembro Azul: médica alerta para os cuidados com a saúde e prevenção de doenças do homem

Mais de 50% do público masculino só procura tratamento quando algum sintoma atrapalha muito a rotina

O Novembro Azul é uma campanha de conscientização dirigida aos homens, para conscientização a respeito de doenças masculinas, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. No Brasil, quase 40% dos homens até 39 anos e 20% daqueles com mais de 40 só vão ao médico quando se sentem mal, segundo a pesquisa Um Novo Olhar para a Saúde do Homem, feita pela revista SAÚDE, a área de Inteligência de Mercado do Grupo Abril e o Instituto Lado a Lado pela Vida, com o apoio da farmacêutica Astellas.

Quase metade dos homens do estudo estavam acima do peso e grande parte apresenta problemas como hipertensão (39%). Outra pesquisa, realizada pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, aponta que 70% das pessoas do sexo masculino vão a consultas médicas acompanhados das mulheres ou dos filhos e mais de 50% dos homens só procuram tratamento quando algum sintoma atrapalha muito a rotina.

A médica Márcia Simões afirma que a prevenção é sempre o melhor caminho. “O público masculino não está acostumado a fazer consultas de rotina. Doenças cardiovasculares, que afetam mais esse público, além de diabetes, hipertensão, hipotireoidismo, ansiedade, obesidade e outros problemas podem ser evitados com um corpo em harmonia”, afirma.

Além do câncer de próstata, outras doenças podem ser evitadas, ou apresentar grandes chances de cura se descobertas no início. Uma avaliação periódica da saúde permite colocar o corpo em equilíbrio e prevenir doenças. A médica indica a realização de um check-up anual, a partir dos 25 anos. “Nele, podemos ver como está a saúde e direcionar ações, como mudanças de comportamento e medicações, para colocar o corpo em harmonia”, explica.

A Organização Mundial da Saúde aponta que as doenças cardiovasculares (Infarto do Miocárdio e AVC) são as principais causas de óbito entre os homens maiores de 35 anos. “O estresse faz a liberação acelerada de cortisol, adrenalina e noradrenalina, que reduzem o calibre dos vasos e, em longo prazo, potencializa o risco de hipertensão e arritmias cardíacas”, alerta a médica.
A saúde do homem também está ligada a níveis adequados de testosterona.

“Se o hormônio estiver baixo no organismo, o corpo fica mais propenso para o aumento da depressão, além de ocasionar um aumento progressivo da gordura abdominal e diminuição da massa muscular”, explica. Márcia lembra que níveis adequados de vitaminas, minerais e hormônios são essenciais para manter a saúde em dia e o corpo em equilíbrio, além de uma dieta equilibrada e a prática de exercícios físicos regularmente.

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