Falta de apoio paterno e orientação adequada fazem aumentar a incidência de depressão pós-parto
Estudos apontam que rejeição do pai ao bebê influencia na gestação e desenvolvimento da criança. Cursos oferecidos pelo CEMUC, que está fazendo 60 anos, são recomendados para preparar os pais e evitar casos desse tipo
Um em cada cinco homens sofre de depressão pós-parto, segundo estudo recente publicado pelo Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido. Pesquisas de psicólogos, sexólogos e médicos especializados apontam ainda uma tendência: é maior o número de casos de depressão pós-parto em mulheres que sofreram com a rejeição dos pais dos bebês – fator que influencia não somente a gravidez, mas o desenvolvimento posterior da criança. Para evitar casos assim, cursos de orientação a casais grávidos são oferecidos por profissionais capacitados. Em Curitiba, o CEMUC (Centro de Apoio às Mulheres e ao Casal Grávido) está em atividade desde 1955 e já atendeu mais de 15 mil pessoas com o Curso de Casais Grávidos.
No dia 15 de setembro, às 14h, a Câmara Municipal de Curitiba realiza uma sessão pública de homenagem aos 60 anos de trabalhos do CEMUC, que conta com patrocínio da Unimed Curitiba no curso desenvolvido no Hospital e Maternidade Santa Brígida. Criado pela médica Elisa Checcia Noronha (in memoriam), o curso é oferecido gratuitamente às gestantes e seus cônjuges da Região Metropolitana de Curitiba.
“Houve uma mudança e evolução dos nomes: de Parto Sem Medo e Parto Amoroso ao termo atual: Parto Adequado. Basicamente, a intenção do CEMUC é orientar e dar um apoio humanitário, psicológico e de noções básicas, mediante o curso de gestantes, durante o pré-natal das pacientes. Essa foi a visão da idealizadora, Dra. Elisa, há 60 anos: passar informações sobre a gestação e a maternidade não só à mãe, mas a todas as pessoas do seu círculo íntimo de relacionamento”, define o ginecologista e obstetra Paulo Mallmann, que integra o corpo de médicos do CEMUC e coordena o projeto Parto Adequado da Unimed Curitiba.
Após o parto, o projeto também trabalha com os recém-natos, acompanhando o início da vida dos bebês. “As pacientes que fazem o curso chegam mais preparadas na hora do parto, mais tranquilas. Isso influencia inclusive no trabalho de parto, se é normal ou cesariana. Aliás, a prioridade é sempre pelo parto normal, dentro, lógico, do quadro médico da gestante. Essa é uma percepção importante, que se concilia com a visão do Parto Adequado”, aponta Mallmann.
Sobre o Parto Adequado
Iniciativa conjunta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), do Hospital Israelita Albert Einstein e do Institute for Healthcare Improvement (IHI), com o apoio do Ministério da Saúde, o projeto Parto Adequado está em implementação no país desde janeiro de 2015. Atuando em hospitais privados e públicos, em parceria com operadoras e cooperativas como a Unimed Curitiba, o projeto busca melhorar a atenção ao parto e a segurança das pacientes.
Uma das metas da iniciativa é justamente estimular a realização do parto natural. “Temos uma ‘epidemia de cesarianas’ no Brasil, com índices diametralmente opostos aos registrados na Europa, por exemplo, em que se chega a 70% de partos normais e apenas 30% de cesáreas. Isso se deve a aspectos culturais e a própria comodidade dos obstetras, que preferem agendar as cesarianas conforme sua disponibilidade. O destaque do Parto Adequado é oferecer opções tanto de hospitais, quanto de profissionais médicos que realizem parto normal se a paciente assim desejar”, afirma o coordenador do projeto na Unimed Curitiba.
Mallmann comenta ainda as duas situações extremas que existem quando se fala de parto no Brasil: o médico que só faz cesariana, e a enfermeira ou doula que realiza partos normais em casa. “Ambos estão errados, um porque criou uma ‘epidemia de cesáreas’, e outro porque muitas vezes realiza o parto sem qualquer condição ou segurança para a mãe e o bebê, acarretando muitas vezes mortes por hemorragia. Toda opção que se radicaliza não é boa. É por isso que trabalhos como os realizados no curso de gestantes do CEMUC são fundamentais”, pondera.
Sobre o CEMUC
O Centro de Apoio às Mulheres e ao Casal Grávido foi criado pela médica Elisa Checcia Noronha em 1955 em seu consultório particular, primeiramente realizando o acompanhamento das gestantes. Com 60 anos de atividade, continua sendo oferecido gratuitamente à comunidade, atualmente chefiado pela médica Virgínia Merlin. Criado em 1993, o Curso para Casais Grávidos já atendeu mais de 15 mil pessoas até hoje.
“Os cursos no CEMUC são feitos em módulos, com várias opções, de orientações básicas de amamentação ao apoio psicológico, afetivo, cognitivo e sobre tudo que envolve o trabalho de parto. A importância do parto normal para o recém-nato, a anestesia e as patologias que podem advir do pré-natal também são abordadas”, detalha Mallmann.
Sobre a Unimed Curitiba
Maior cooperativa de saúde do Paraná e uma das cinco maiores cooperativas do Sistema Unimed Brasil, a Unimed Curitiba foi fundada em 6 de agosto de 1971. Com 44 anos de mercado, reúne mais de 4.200 médicos cooperados e quase 600 mil clientes. “Cuidar da saúde faz a vida valer a pena” é a Missão da Unimed Curitiba, uma cooperativa Feita de Médicos.